“O Plano Nacional de Educação hoje é uma coleção de propostas que podem ser irrelevantes, irrealistas ou mesmo podem ser muito boas, mas as boas medidas estão perdidas no meio de todo o texto”. A afirmação foi feita pelo economista e professor Claudio Moura Castro, na audiência pública que foi realizada nesta terça-feira (22) no Senado, para debater o Plano Nacional de Educação. Apesar de demonstrar otimismo com a discussão do PNE, Moura Castro apontou diversos problemas no texto do Plano. Para ele, houve um erro de essência na elaboração do projeto do PNE, que acabou se transformando em um conjunto de metas “equivocadas e inócuas”.
Claudio Moura e Castro argumentou que o PNE foi definido com “excesso de ambição e incompatibilidades”, e nem todas as pessoas que deveriam ter sido ouvidas para a formulação do Plano foram consultadas. “Onde estão, no PNE, os pais que pagam impostos? Onde estão as empresas? Muitos grupos ficaram de fora da formulação do Plano, que foi definido basicamente em um campeonato de decibéis, onde quem fez mais barulho entrou. Quanto mais ativismo, mais participação no Plano, assim foi a regra. Questões como orçamento, eficiência e custos não entraram na discussão, e situações erradas no setor, como os níveis lamentavelmente baixos de ensino e a alta evasão escolar no ensino médio, deixaram de ser priorizadas. Mesmo assim, mantenho meu otimismo com o Plano”, concluiu Claudio.
Importância da contestação
O senador Alvaro Dias, relator do PNE, destacou que, para ele, é importante em qualquer debate a presença do contestador, e o professor Claudio Moura Castro exerceu esse papel na audiência. “Na campanha eleitoral, por exemplo, os candidatos comparecem com produção cinematográfica, com efeitos especiais que podiam até concorrer ao Oscar, mostrando que vivemos em um paraíso, mas ninguém aparece para contestar, para desconstruir as inverdades oficiais, portanto, nada mais importante do que termos aqui nesta audiência um contestador”, afirmou o senador.