“A mão que afaga é a mesma que apedreja”. Com esta frase, o senador Alvaro Dias definiu, na sessão plenária desta segunda-feira, a revelação feita por reportagem da “Folha de S.Paulo” de que o governo brasileiro monitorou e espionou diplomadas de três países estrangeiros em embaixadas e nas suas residências no Brasil. Como destacou o senador, o jornal reproduz relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que oferece detalhes sobre dez operações secretas realizadas entre 2003 e 2004, durante o governo Lula, quando diplomatas russos, iranianos e iraquianos, envolvidos com negociações de equipamentos militares, foram fotografados e seguidos em suas viagens por agentes brasileiros. Para o senador Alvaro Dias, a espionagem do Brasil pode ser diferente da que foi praticada pelos Estados Unidos na técnica e na sofisticação, mas a essência, segundo ele, é a mesma, assim como a motivação dos dois países. “Se o governo brasileiro tivesse o mesmo aparato técnico que tem os Estados Unidos, certamente estaria também investigando países com os quais mantém relações diplomáticas e interesses geopolíticos. Entretanto, nosso aparato é bem diferente. O Orçamento do Brasil é de R$ 500 milhões, infinitamente menor que o dos Estados Unidos no setor de inteligência (55 bilhões de dólares). Em síntese, Dilma fez enorme estardalhaço sobre atividades da NSA que foram reveladas por Edward Snowden, mas a postura do Brasil não é diferente, já que agora também se revelam ações de espionagem através da Abin. Nosso país não tem autoridade para fazer acusações tão fortes a outros países quando adota o mesmo tipo de atitude de espionagem”, afirmou o senador.