As incertezas sobre os rumos da política fiscal, o pessimismo dos investidores com as dificuldades do governo para fechar as contas públicas, e a preocupação com a possibilidade de rebaixamento da nota de classificação de risco do país levaram o dólar a disparar e a bolsa de valores brasileira a cair 1,11% nesta terça-feira. A preocupação com os fundamentos domésticos ajudaram a intensificar a alta do dólar e das taxas de juros futuros, com o real apresentando a pior performance entre as principais moedas. A moeda americana subiu 1,96% ontem encerrando em R$ 2,2890, maior alta desde 21 de agosto, quando foi registrada a máxima do dólar no ano, de R$ 2,4510. Segundo o jornal Valor Econômico, o governo não tem mostrado ações efetivas para melhorar as contas públicas, buscando garantir a meta do superávit fiscal, o que é mais preocupante em um cenário de aumento da taxa Selic pressionando a elevação da dívida pública. “Essa tentativa do governo de justificar a postura atual contribuiu para consolidar a visão bem negativa da perspectiva fiscal. Isso é um problema muito sério e que não vai ser resolvido tão cedo”, afirma o economista-chefe para a América Latina do ING, Gustavo Rangel, ao Valor Econômico. Também o mau resultado da balança comercial está contribuindo para o clima de pessimismo no mercado. Segundo a jornalista Miriam Leitão, com o ano chegando ao fim, a balança continua no vermelho: US$ 1,8 bilhão de déficit até outubro. “O déficit não é o que mais incomoda, mas saber que no mesmo período de 2012 havia superávit de US$ 17 bi”, comenta Miriam em sua coluna.