Segunda debatedora a participar da audiência pública realizada nesta quinta-feira, pelo Senado, para debater o Plano Nacional de Educação, a professora Guiomar Namo de Mello afirmou taxativamente aos parlamentares: o PNE é um “desastre” porque possui metas quantitativas vagas e para as quais não se determina de que forma haverá a cobrança para sua concretização. Para a educadora, o plano possui “metas demais” e pouco objetivas, reproduzindo o que ela chama de “vício” da sociedade brasileira de “querer tudo ao mesmo tempo e já”.
“Estudos revelam que os países que mais avançaram no setor educacional são os que mais tiveram foco, que priorizaram suas demandas em poucas metas, mas que fossem cumpríveis”, disse a educadora. Para ela, o Plano Nacional de Educação possui itens sem sentido, com metas e intenções genéricas e sem especificação de como serão cumpridas e de quem cobrará por sua execução. A professora Guiomar criticou também, em sua fala, o excesso de lobbies das corporações do setor educacional que, segundo ela, são responsáveis por grande parte das disposições inseridas no Plano.
“A gente que está há muito tempo na educação já consegue identificar, no processo de elaboração dos planos, quem é responsável por este ou aquele ponto, qual meta foi resultado das pressões corporativas. É importante que no Brasil, na formulação de uma peça tão importante quanto esta para o futuro da educação no País, o fruto das discussões esteja imune o mais possível e salvo das pressões corporativas e ideológicas”, disse a professora Guiomar.
Ao responder questionamentos feitos pelo relator do PNE, senador Alvaro Dias, a professora Guiomar de Mello afirmou estar desencantada com o fato de que, não apenas na elaboração do Plano Nacional de Educação e dos próprios objetivos da educação brasileira, o governo federal atuar de forma centralizada e partidária. “Tenho medo de um programa como este ficar na mão do governo. Minha ideia é a de criar um espaço interfederativo para tomada de decisões estratégicas como essa do PNE. Acho que o governo deveria ser parceiro, mas não aquele que retém o dinheiro. O dinheiro da educação fica na mão do Ministério da Educação, e ele tem ampla tendência a manipular o dinheiro”, criticou a professora Guiomar Namo de Mello.
Foto: Luiz Wolff