Em recente encontro com o presidente da Fifa, Joseph Blatter, Dilma procurou tranquilizar os dirigentes do futebol mundial sobre a preparação da Copa do Mundo no Brasil, e sobre as ameaças de protestos violentos nas ruas durante o evento. Dilma disse a Blatter: “a obra dos estádios é o mais simples. Podem vir ao Brasil. Vocês serão recebidos de braços abertos. Estamos preparados. O governo terá todo o empenho para que essa seja a Copa das Copas”.
Matéria divulgada pela Presidência da República, logo depois do encontro entre Dilma e Blatter na Suíça, afirma que o governo federal já investiu R$ 850 milhões em atividades de segurança para os grandes eventos, que se estendem até a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro. O governo, que projeta um público de cerca de 600 mil turistas estrangeiros circulando no Brasil entre os meses de junho e julho, afirma que o legado dos investimentos em segurança será a total modernização da atividade policial no País.
O discurso do governo Dilma em relação à segurança para a Copa, entretanto, é desmentido pelos próprios profissionais que atual diretamente na proteção de autoridades, atletas e também turistas. Reportagem da CBN, reproduzida pelo site da Fenapef, revela que agentes federais estão apreensivos com a proximidade da competição, e dizem que não há pessoal nem estrutura suficientes: são 32 delegações estrangeiras, além de presidentes e ministros de vários países. A Polícia Rodoviária e a Polícia Federal, além de estradas, aeroportos, fronteiras, combate ao terrorismo, devem assumir a escolta dos visitantes.
Jones Leal, presidente da Confederação Nacional dos Policiais Federais, em entrevista à CBN, falou que a missão das forças federais de segurança é quase impossível: “Nós não temos condições de atender com segurança à sociedade e às delegações estrangeiras. E nós temos as nossas delegacias. Como ficaria? Abandonaríamos superintendências e delegacias que hoje já trabalham com efetivo mínimo? É uma situação muito difícil.”
De acordo com a reportagem da CBN, a Polícia Federal diz que hoje tem dez mil agentes. Ao menos 500 deles estão afastados por problemas psicológicos e de saúde. Na Polícia Rodoviária Federal, o contingente é parecido, e mil novos policiais aprovados em concurso deverão integrar o efetivo, mas sem resolver a falta de pessoal e de condições de trabalho, segundo o presidente da Federação dos Policias Rodoviários Federais, Pedro Cavalcante.
“Tem muitos postos onde falta água. Não há comunicação entre a gente. Uma coisa notória na PRF é a carência de policiais para o dia a dia. Imagina para trabalhar em eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas”, afirma Pedro.
Diante da possibilidade de manifestações durante os jogos, o trabalho das polícias estaduais será crucial. Além da escassez de pessoal – nas manifestações de junho passado houve policiais militares com escala dobrada -, há falta de motivação entre policiais federais, rodoviários e militares.
(Postado por Eduardo Mota – Assessoria de Imprensa)