“Uma dose maior de sinceridade ficaria bem para este Parlamento, e da mesma forma uma dose menor de encenação, pois já se passaram 45 dias desde que conseguimos as assinaturas para a criação da CPI da Petrobras, e até agora nenhuma comissão foi instalada”. A afirmação é do senador Alvaro Dias, que criticou a estratégia do governo e da Mesa Diretora em ganhar tempo para inviabilizar a instalação e posterior investigação pela CPI da Petrobras. Para o senador, o governo tenta esticar fazer com que a comissão de inquérito comece a funcionar próximo ao início da Copa do Mundo, para que não receba a atenção da opinião pública e, com isso, deixe de investigar os escândalos envolvendo a estatal.
“Nós teremos essa CPI instalada às portas da Copa do Mundo, onde o interesse midiático se volta para os estádios de futebol, e não para o Parlamento brasileiro. As atenções gerais da população se voltam também para os estádios de futebol, e não para o Congresso Nacional; nós sabemos disso. A Copa termina no dia 13 de julho, e no dia 17 de julho o Congresso entra em recesso. Em agosto, nós teremos uma campanha eleitoral que é o momento cívico da democracia, é o ápice do processo democrático, uma campanha eleitoral onde o povo brasileiro vai fazer opção sobre o seu futuro. Então, é evidente que qualquer CPI nesse período fica num plano secundário. Essa é a estratégia desenhada. Nós temos que dissertá-la e expô-la diante da opinião pública”, afirmou o senador Alvaro Dias.
Na sessão plenária, Alvaro Dias afirmou que a oposição não irá compactuar com qualquer farsa que se pretenda impor em relação à instalação das CPIs. Para ele, a presidência do Senado, mesmo cumprindo o regimento com a indicação de membros da comissãop de inquérito, na verdade contribui com a estratégia governista de protelar e abafar as investigações.
“Eu não vou participar de nenhuma encenação, de nenhuma farsa. Irei para a CPI mista por um apelo do meu partido, não me recusarei a participar, mas estarei lá para, permanentemente, denunciar a farsa. Porque, certamente, não pretenderão admitir a investigação para valer, a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de quem se deve quebrar. Quer dizer, não permitirão que sejam tomadas todas as providências que se devem adotar para que uma CPI investigue e possa colher os indícios necessários, as provas documentais possíveis, os depoimentos colhidos, as informações sigilosas compartilhadas, para que o Ministério Público possa instaurar os procedimentos e responsabilizar civil e criminalmente aqueles que se envolveram nesse monumental escândalo de corrupção que dilapida o patrimônio da Petrobras”, concluiu o senador.