Em pronunciamento na primeira sessão da CPI Mista da Petrobras, nesta quarta-feira (28), o senador Alvaro Dias apresentou aos parlamentares e à imprensa um mapa, produzido por sua assessoria técnica, que mostra todas as conexões entre os envolvidos com falcatruas na Petrobras. O mapa, segundo Alvaro Dias, revela, de forma organizada, o roteiro da corrupção na maior empresa do País.
“Podemos batizar este trabalho de mapa da mina, ou caminho das pedras, porque mostra a conexão de todas as denúncias e todos os fatos desde a origem, a fonte dos recursos e os desvios ocorridos, os valores envolvidos nas transações ilícitas que tem origem no cofre da Petrobras, e que foram descobertas pela Polícia Federal. O mapa revela até onde esses recursos chegaram na chamada lavanderia que se instalou para desviar milhões da estatal. Esse mapa sinaliza o caminho que devemos percorrer para encontrar os responsáveis e os culpados por este que é um dos maiores escândalos de corrupção do País. Jamais vimos algo semelhante. Há sim uma quadrilha instalada, uma organização criminosa que atuou com competência jamais vista no desvio de dinheiro”, disse o senador Alvaro Dias.
No seu discurso, Alvaro Dias criticou a estratégia governista de protelar ao máximo o início dos trabalhos da CPI Mista, como forma de inviabilizar seus trabalhos de investigação por conta da proximidade de um calendário que prevê Copa do Mundo, convenções partidárias, festas juninas e, posteriormente, início da campanha eleitoral, o que levará ao esvaziamento dos trabalhos no Congresso. O senador lembrou que as 18 representações apresentadas pela oposição após a CPI da Petrobras de 2009 levaram o Ministério Público e a Polícia Federal às investigações que resultaram nas descobertas atuais de ilícitos na estatal do petróleo.
“Temos que ter a dose exata de sinceridade nesta CPI. É difícil acreditar que depois de dois meses assistindo a imposição da estratégia governista, com objetivo de protelar o início dos trabalhos desta comissão parlamentar mista, jogando com um calendário encurtado, exatamente para empurrar a investigação para a frente, iremos conseguir vencer o bloqueio do Palácio do Planalto a qualquer investigação. Teremos dificuldades para trabalhar, mas estamos aqui para cumprir nosso dever, e esta CPMI não precisaria ser instalada se o governo tivesse adotado providências a partir de 2009, quando foi realizada outra CPI da Petrobras. Como agora, aquela CPI foi dominada e teve seus trabalhos inviabilizados pelo governo, mas a oposição, antes de se retirar da comissão por não compactuar com aquela farsa, apresentou 18 representações junto ao Ministério Público com denúncias graves, a começar pela usina Abreu e Lima, passando pela usina Getúlio Vargas, em Araucária (PR). O governo ignorou os fatos explicitados pela oposição, e em dezembro de 2012, entramos com nova representação, desta vez sobre a malfadada compra da refinaria Pasadena, nos Estados Unidos, revelando mais uma denúncia de falcatruas que, entretanto, não tiveram interesse do governo em seu esclarecimento. Com a leniência do governo, foi escancarada a porta para a corrupção na Petrobras”, concluiu o senador Alvaro Dias.