A direção econômica aplicada pelo atual governo do PT, que priorizou o consumo imediato em detrimento de uma política de Estado estrutural de investimentos, tem levado o País ao descontrole de suas contas externas, gerando desindustrialização, aumento da inflação e a maior taxa de juros do mundo. A afirmação foi feita pelo senador Alvaro Dias, em discurso da Tribuna na sessão desta terça-feira (10). O senador chamou a atenção para o preocupante déficit nas transações correntes do Brasil com o exterior, e salientou que, até agora, o mundo tem financiado o Brasil com uma espécie de “cheque especial”, que permite fechar o rombo de nossas contas externas, mas este crédito, segundo Alvaro Dias, parece estar se esgotando.
“Com as intervenções exageradas e desordenadas deste governo no funcionamento da economia, o déficit brasileiro pode vir a atingir a cifra de US$ 100 bilhões de dólares este ano. Todos sabemos que os agentes externos perderam a confiança em nossa política econômica. A tendência é de que esse financiamento torne-se rarefeito. É preciso mudar esse cenário. O atual governo e sua política econômica desastrada estão levando o Brasil para um cenário de preocupante estagflação (sem crescimento e com inflação), e somente um novo governo, detentor de confiança e competência, poderá realizar esta tarefa hercúlea”, afirmou o senador.
Em seu pronunciamento, Alvaro Dias expôs alguns dos números que mostram o tamanho do rombo nas contas externas do Brasil. De acordo com o senador, de dezembro de 2002 a abril de 2005, o saldo das transações correntes passou de déficit de 1,5% do PIB para um superávit de 2% do PIB, aumento de cerca de 3,5%. Daí em diante, o saldo caiu persistentemente, de patamar em patamar. No início de 2008, o saldo voltou a ser deficitário e, nos últimos meses com dados disponíveis, encontra-se próximo de 3,65% do PIB negativos, o equivalente a US$ 81,6 bilhões. No acumulado de janeiro a abril de 2014, o déficit está em 4,65% do PIB, ou US$ 33,5 bilhões, frente a 4,55% do PIB, em igual período de 2013 (US$ 32,9 bilhões).
Diante da piora no cenário das contas do País, de acordo com Alvaro Dias, o que se esperava do governo empossado em 2011 seria, além da moderação nos gastos públicos, a mudança de modelo centrado no crédito, consumo e preço das commodities para um modelo centrado no investimento produtivo, destinado ao incremento da produtividade da economia, especialmente por meio de abundante investimento na infraestrutura. Para o senador, deveria ter havido um redirecionamento da economia brasileira, mas que seria transitório e saudável, em vista da reorganização para um modelo mais sustentável, onde o investimento seria variável chave para manter-se o crescimento econômico. A maior produtividade da economia, por sua vez, traria efeitos positivos sobre as transações correntes do país ao longo do tempo, diante da maior competitividade das exportações e dos bens e serviços sujeitos à concorrência dos importados.
“Como se sabe, nada disso ocorreu. O governo Dilma manteve o modelo centrado no consumo, e os gastos públicos continuaram subindo de modo acentuado sem que se tivesse nenhuma preocupação com a qualidade destes gastos, nem com o desperdício em prioridades que não correspondem ao anseio do povo brasileiro. Isto sem falar no aumento da corrupção e dos contratos superfaturados. Como agravante, os investimentos foram desestimulados por intervenções exageradas e desordenadas no funcionamento da economia, a exemplo de controles de preços, mudanças em contratos, distribuição farta e pouco transparente de desonerações tributárias e créditos subsidiados. Com isso, na infraestrutura, em particular, o viés contrário ao capital privado impediu a atração dos investimentos requeridos para reduzir a enorme defasagem do setor. Portanto, como já disse, somente um novo governo poderá levar o Brasil a dar uma guinada e sair da estagnação econômica em que se encontra”, concluiu o senador Alvaro Dias.