Congressistas da oposição ouvidos pelo jornal “Folha de S.Paulo” criticaram nesta quinta-feira (24) o comunicado enviado pelo governo brasileiro para a Justiça norte-americana, sobre a possibilidade de o deputado Paulo Maluf (PP-SP) ser ouvido no Brasil em um processo a que responde nos Estados Unidos. A oposição considera “interferência” do Ministério da Justiça em prol de um aliado do PT.
O senador Alvaro Dias, ouvido pela “Folha”, disse que o gesto do Ministério da Justiça é uma “retribuição” ao apoio de Maluf ao PT desde 2012, quando o deputado do PP declarou apoio a Fernando Haddad – na época, então candidato à Prefeitura de São Paulo.
“Essa não é uma atitude republicana do governo brasileiro. É constrangedor um ministro ter que interferir pedindo a generosidade da Justiça de um outro país para um político brasileiro”, afirmou o senador Alvaro Dias.
O Ministério da Justiça afirmou que o caso de Maluf foi o único até agora com essas características: um brasileiro, com residência fixa e com aviso de procurado na Interpol (para ser preso nos EUA) requerendo o direito de ser ouvido no Brasil. Se outro cidadão nessa condição solicitar ajuda ao governo, será atendido, segundo o Ministério da Justiça. Maluf e seu advogado procuraram o ministro José Eduardo Cardozo mais de uma vez nos últimos dois anos para tratar do assunto. O deputado está citado num caso de possível evasão de divisas -o que ele nega- e a Justiça dos EUA o trata como foragido. Por essa razão, desde 2009, a Interpol exibe em seu site uma foto de Maluf como “procurado”.
Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress