Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), obtido pelo jornal “O Globo”, informa que pessoas físicas e jurídicas investigadas na Operação Lava-Jato fizeram movimentações consideradas atípicas no valor de R$ 23,7 bilhões entre 2011 e 2014. De acordo com o jornal, só em espécie, o Coaf identificou movimentação de R$ 906,8 milhões pelo grupo investigado. Ao todo, o órgão produziu 108 relatórios com alertas sobre possíveis irregularidades nas movimentações financeiras do doleiro Alberto Youssef, do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e das empreiteiras, e levantou a participação de pelo menos 4.322 pessoas e 4.298 empresas que, de alguma forma, participaram da movimentação dessa montanha de dinheiro extraída de fraudes em contratos com a estatal. A soma total envolve saques e depósitos.
Antes mesmo de ter acesso aos relatórios produzidos pelo Coaf, o senador Alvaro Dias já havia apresentado, ao participar das primeiras reuniões da CPI Mista da Petrobras, um mapa que mostra todas as conexões entre os envolvidos com falcatruas na Petrobras. O mapa, como demonstrou Alvaro Dias, revelava, de forma organizada, o roteiro da corrupção na maior empresa do País. De acordo com o trabalho, produzido pela assessoria técnica do senador, grandes empreiteiras, reunidas em cartel, combinavam preços de obras para a Petrobras. Com isso, contratos eram superfaturados, e parte do dinheiro do superfaturamento entre executivos da Petrobras e “operadores do esquema”. A propina, então, era repassada, por meio dos operadores, em diferentes porcentagens, para três partidos. O dinheiro da propina era usado em campanhas eleitorais dos partidos governistas.
“Podemos batizar este trabalho de mapa da mina, ou caminho das pedras, porque mostra a conexão de todas as denúncias e todos os fatos desde a origem, a fonte dos recursos e os desvios ocorridos, os valores envolvidos nas transações ilícitas que tem origem no cofre da Petrobras, e que foram descobertas pela Polícia Federal. O mapa revela até onde esses recursos chegaram na chamada lavanderia que se instalou para desviar milhões da estatal. Jamais vimos algo semelhante. Uma quadrilha, uma organização criminosa atuou com competência jamais vista no desvio de dinheiro da Petrobras”, disse o senador Alvaro Dias.