O preço do barril de petróleo do tipo “Brent” (uma classificação de petróleo cru) caiu nesta terça-feira para valores inferiores a US$ 60 dólares (cerca de 48 euros), pela primeira vez desde 2009, provocando o receio dos mercados de uma nova crise econômica global. Neste patamar atual, com o valor do barril a US$ 59, especialistas do mercado petrolífero afirmam que a exploração de algumas das jazidas brasileiras do pré-sal será pouco lucrativa ou inviável financeiramente.
Fontes do alto escalão do governo dizem que enquanto o barril estiver acima de US$ 60, não haverá necessidade de rever projetos e reduzir recursos para áreas menos estratégicas que a exploração e produção de óleo e gás. As mesmas fontes do governo, consultadas pela revista “Exame”, afirmam que apenas se o preço despencar até US$ 45/barril o desenvolvimento do pré-sal seria inviabilizado.
Esta posição do governo, entretanto, não é referendada pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Para Adriano Pires, diretor do CBIE, a queda atual do preço do barril compromete diretamente os investimentos na extração do petróleo da camada pré-sal, além de coincidir com um momento em que a estatal está com elevado endividamento e seu ambicioso plano de negócios comprometido. Quando a Petrobras fez a concessão de alguns dos seus campos do pré-sal, o barril estava cotado a US$ 110, o que levou o governo do PT a prometer, em propagandas na TV, um grande futuro para o país com exportações bilionárias e uma enxurrada de dólares ingressando no país.
Agora, com o barril a menos de US$ 60, o panorama para a estatal brasileira, que já vive momento crítico, não é nada animador, como se pode atestar no gráfico publicado na edição da revista “Veja” da semana passada.