Na audiência realizada nesta terça-feira (17) na Comissão de Assuntos Econômicos, para ouvir o ministro Nelson Barbosa, o senador Alvaro Dias, apesar de reconhecer a qualificação técnica do titular do Planejamento, afirmou que a maioria dos parlamentares não acredita que o ajuste fiscal será bem sucedido se não houver, por parte do governo, um “corte na própria carne”, com realização de ampla reforma que diminua o tamanho dos gastos com a máquina administrativa. Alvaro Dias salientou, na comissão, que o ministro Nelson Barbosa não é “mágico” ou “milagreiro” para resolver os problemas nacionais que são de profunda complexidade.

“O governo Dilma cometeu uma série de equívocos nos últimos anos, que levou a economia brasileira à situação de crise atual. Seria importante o ministro explicar porque o governo não se antecipou aos problemas fiscais, ou mesmo falar porque na campanha eleitoral o PT afirmava que o Brasil era uma ilha de prosperidade, que não havia dificuldades. Os mais veementes inclusive traduzem a propaganda da candidata Dilma como um estelionato eleitoral. Portanto, o governo tem que responder à sociedade: não foi irresponsabilidade esconder a real situação econômica do País durante a campanha eleitoral?”, questionou o senador Alvaro Dias.

Nos questionamentos que fez ao ministro do Planejamento, o senador Alvaro Dias afirmou que a presidente Dilma tenta fazer um ajuste “colocando a mão no bolso do contribuinte e sem fazer a sua parte”, e disse acreditar que a sociedade não compreende porque está sendo chamada a fazer sacrifícios sem que o governo faça sua parte.

“A credibilidade do governo está no fundo do poço, e é impossível imaginar a sociedade acreditando no ajuste fiscal sem que sejam tomadas medidas radicais para reduzir o tamanho desta monumental máquina, que só em custeio gera gastos de cerca de R$ 377 bilhões. Diante do descrédito da população com este governo, como mostrado nas ruas, seria adequado, até para se tentar resgatar alguma credibilidade, que houvesse uma profunda reforma administrativa, não só reduzindo o tamanho do Estado, mas, por exemplo, cortando pela metade o número de ministérios. Sem cortar na própria carne, o governo do PT não tem autoridade para pedir sacrifícios ou falar em ajuste fiscal”, concluiu o senador Alvaro Dias na audiência da CAE.

Ao responder os questionamentos do senador, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou que a reavaliação da política econômica não é monopólio de partido político ou de orientação ideológica. Segundo ele, houve decisões responsáveis e corajosas de ajustar a economia à nova realidade do país. “Não houve negação de promessa de campanha. Houve ajuste da política econômica, mantidas as prioridades”, afirmou o ministro. Para Alvaro Dias, entretanto, a resposta do ministro do Planejamento não convenceu. “Rever a politica econômica é uma coisa, mas transmitir à população uma promessa eleitoreira e a falsa ideia do que ocorre no país é outra coisa totalmente diferente”, rebateu Alvaro Dias.

Foto: Gerdan Wesley