Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) revela que “as más condições do pavimento de rodovias brasileiras elevam em 30,5%, ou R$ 3,8 bilhões, o custo operacional do transporte de soja e milho do país”. Para realizar a pesquisa, a entidade analisou as rotas de escoamento de quatro regiões produtoras: Centro-Oeste, Paraná, Rio Grande do Sul e Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia), coletando dados com transportadores, embarcadores e entidades governamentais e não governamentais relacionadas ao segmento. De acordo com a CNT, o montante gasto a mais por conta das más condições das estradas corresponde ao valor de quase 4 milhões de toneladas de soja ou a 24,4% do investimento público federal em infraestrutura de transporte em 2014.
E a situação pode piorar ainda mais. Com a decisão do governo Dilma de promover cortes severos no Orçamento da União, o Ministério dos Transportes acabou sendo um dos mais afetados, com contingenciamento de 36% de seus recursos. O valor previsto no Orçamento de 2015 para custeio e investimento no setor era de R$ 15,9 bilhões, e foi reduzido para R$ 10,2 bilhões. Levantamento do jornal “Folha de S.Paulo” mostrou que o ministério fez empenhos para obras em pelo menos 54 rodovias federais em 2014. Com isso, metade delas não teria recursos garantidos. Mas há outros problemas.
Em 2014, a despesa empenhada (ou seja, o que o governo se comprometeu a pagar) para custeio e investimento alcançou R$ 13,8 bilhões no setor. Com a falta de recursos no fim do ano, R$ 6 bilhões em despesas empenhadas ficaram para ser pagos em 2015, o que corresponde a mais de metade do que está liberado para gasto neste ano. Desta forma, será muito difícil para o governo manter as obras em execução. Isso porque a despesa de custeio do ministério (aluguel, passagens etc) alcançou R$ 1,3 bilhão em 2014. Se for cortada em 36%, por exemplo, ainda seria perto de R$ 1 bilhão. Com isso, restariam R$ 9 bilhões para obras. De acordo com a “Folha”, no ano passado, somente os contratos de manutenção de estradas federais somaram R$ 4,8 bilhões em empenhos. Se esses contratos forem paralisados, o resultado serão estradas ainda mais esburacadas até o fim do ano.