Brasília foi palco de um espetáculo já diversas vezes reprisado, e a população assistiu a um videotape do lançamento de um programa que representa nada além de mais do mesmo. Esta foi a opinião exposta nesta terça-feira (9) pelo senador Alvaro Dias sobre o lançamento, pela presidente Dilma, de um novo pacote de concessões para a área de infraestrutura. No Plenário, o senador lembrou que o mesmo pacote de investimentos em logística havia sido anunciado em 2012, e que, como tantos outros programas governamentais (entre eles o PAC, de Aceleração do Crescimento), naufragou na tentativa de alavancar o crescimento econômico do País.
“Temos um governo bom de anúncio, mas péssimo de execução. O anúncio dos programas é sempre espetaculoso; a execução, lastimável do ponto de vista da competência. Se antes houve frustração, imaginamos que agora a frustração poderá ser maior, já que as circunstâncias são outras. Evidentemente, as empresas alcançadas pela Operação Lava Jato, debilitadas economicamente, não terão recursos suficientes para os investimentos propugnados pelo governo nesse novo pacote. Num clima de recessão, de inflação que aumenta, de desemprego que se descortina, de taxas de juros que se elevam, certamente as dificuldades para os investimentos se tornam ainda maiores. Mas, mesmo que isso fosse verdade, não seria, obviamente, a transformação econômica do País”, afirmou o senador Alvaro Dias.
Em seu pronunciamento, o senador ressaltou que mesmo com o lançamento deste novo pacote de concessões, o investimento previsto neste ano e no próximo dificilmente será capaz de trazer melhorias no setor de infraestrutura. Alvaro Dias citou estudo da consultoria de informações econômicas Pezco Microanalysis, que conclui que este ano o investimento em infraestrutura deve recuar para 1,75% do PIB, patamar próximo do registrado em 2003, de 1,77% do PIB, o que fará com que os recursos para infraestrutura recuem ao nível de 2003.
“Este novo pacote de investimentos em infraestrutura é uma reciclagem do Programa de Investimentos em Logística (PIL), lançado em 2012, e que mais uma vez é insuficiente para retomar o crescimento econômico. Na avaliação da consultoria Pezco Microanalysis, o pacote do governo vem para provocar algum alento nos próximos anos, mas não deve mudar muito o nível de investimento em 2015, que, em valores absolutos, deve ficar em R$ 102,5 bilhões, o menor patamar em 12 anos. Segundo o estudo, o pacote de concessões do governo pode abrir um horizonte de investimentos de R$ 100 bilhões até o ano de 2020. Desse total, apenas R$ 3 bilhões seriam investidos já neste ano, o que não é suficiente nem ao menos para manter a infraestrutura atualmente existente”, concluiu o senador Alvaro Dias.