Ao elogiar iniciativa tomada pelo senador Romário (PSB-RJ), de garantir a criação da CPI da CBF, Alvaro Dias lembrou o trabalho realizado pela comissão de inquérito que ele presidiu no Senado, no ano de 2001, e que trouxe pela primeira vez à tona a corrupção e os negócios ilícitos praticados por dirigentes do futebol brasileiro. O senador Alvaro Dias lamentou que os resultados obtidos após meses de investigação daquela CPI do Futebol sejam mais reconhecidos na Europa e nos Estados Unidos do que em nosso País. O senador citou no Plenário alguns dos benefícios gerados ao fim dos trabalhos da comissão, que funcionou em 2001.
“Aquela CPI, há 15 anos, revelou mazelas do desporto nacional e internacional e, sobretudo, fez com que o Brasil conhecesse as relações promíscuas estabelecidas entre a CBF e a FIFA. Foi exatamente em função daquela CPI que a Justiça suíça instaurou procedimentos de investigação que culminaram com a renúncia de Ricardo Teixeira e também com a punição de João Havelange. Os elementos fornecidos por aquela CPI deram origem a uma investigação na Suíça. A CPI do Futebol realizada pelo Senado deu origem ao Estatuto do Torcedor e à Lei de Responsabilidade Social do Desporto. O jornalista Andrew Jennings, da BBC de Londres, autor de vários livros sobre a corrupção no futebol, na sua última obra literária, ´Um Jogo Cada Vez Mais Sujo´, faz cerca de 50 referências à CPI do Futebol”, disse o senador.
Para Alvaro Dias, aquela CPI foi a “crônica da decadência anunciada do futebol brasileiro”, uma decadência que, para ele, se consagrou, sobretudo, na última Copa do Mundo, por conta da corrupção e da má gestão no futebol do Brasil. A instalação de uma CPI, nesse momento, segundo o senador, justifica-se para propor transparência aos fatos. Neste sentido, Alvaro Dias elogiou a iniciativa do senador Romário de ter coletado assinaturas e garantido a criação da CBF, que irá investigar os negócios da entidade e as atividades do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo 2014. Para Alvaro Dias, tanto a CBF como a Fifa há bastante tempo se transformaram em organizações criminosas.
“Cumprimento o senador Romário, que teve a feliz ideia de coletar assinaturas para viabilizar a instalação da CPI da CBF, que tem essa responsabilidade de fazer com que os que se envolveram em delitos, em ilícitos praticados nessa corrupção desvairada que obriga a justiça americana a acusar brasileiros, que esta responsabilidade seja assumida por inteiro pelo Senado Federal, com a realização desta comissão que poderá contribuir para a limpeza que se faz necessária hoje, para ver o futebol brasileiro fomentando o desenvolvimento econômico, social e cultural deste País”, disse o senador Alvaro Dias.
Em seu pronunciamento, o senador Alvaro Dias defendeu projeto de sua autoria que confere à Confederação Brasileira de Futebol o status de paraestatal, obrigando a entidade a prestar contas ao Tribunal de Contas da União (TCU), submetendo-a à fiscalização e controle, e tornando públicas as informações sobre suas operações financeiras no Brasil e no exterior. Segundo o senador, o futebol movimenta anualmente no mundo R$ 200 bilhões, gera empregos, renda e receitas. Por isso, deve ser gerido com responsabilidade, pois os seus resultados financeiros são importantes para a economia do país.
“Por tudo isso, não procedem os argumentos daqueles que dizem que, por envolver interesses privados, não cabe ao poder público interferir nos negócios envolvendo a CBF. Todos nós sabemos que os recursos das loterias, que são recursos públicos, patrocinam clubes de futebol no país, assim como recursos da própria Petrobras. Há uma relação do futebol brasileiro, das entidades que administram o futebol brasileiro, com o poder público. Não bastasse isso, o artigo 216 da Constituição determina que se trata de patrimônio cultural do povo brasileiro. A seleção brasileira é patrimônio cultural e ela é a principal fonte de receita da CBF”, concluiu o senador Alvaro Dias.