Reportagem especial da revista “Exame” deste mês de outubro mostra que o mercado de trabalho brasileiro vem enfrentando o drama de assistir a um ritmo de sete demissões por minuto de trabalhadores com carteira assinada. Segundo a revista, essa é a velocidade atual das demissões no Brasil, cuja economia deve registrar um PIB negativo em 3% neste ano de 2015. Entre 2015 e 2016, especialistas afirmam que cerca de dois milhões de pessoas vão engrossar a estatística do desemprego no País, um dado que jamais foi observado na história brasileira.

Como afirma a revista “Exame”, o Brasil já passou por períodos de demissões em massa no passada, e a taxa anual de desocupação de postos de trabalho já foi até mais alta do que a atual. Entretanto, o País nunca tinha visto uma deterioração tão rápida na questão do emprego. E como o cenário econômico não para de piorar, a estimativa é que esse ritmo do aumento do desemprego aumente dos atuais sete por minuto para 14 trabalhadores demitidos por minuto até o começo do ano que vem. Isto porque o indicador de desemprego mensal nas seis maiores regiões metropolitanas do país, que era de 4,3% em dezembro de 2014, já estava em 7,6% em agosto desde ano, prometendo chegar a 10,5% até dezembro. Pelos cálculos da consultoria GO Associados, de São Paulo, dois milhões de pessoas serão dispensadas até o fim de 2016. Na história brasileira, não há registro de tantas demissões em tão pouco tempo.

“No plano pessoal, o desemprego pode ser devastador. Traz a incerteza para dentro de casa. Exige corte de gastos. Atinge toda a família. Coloca a poupança e o patrimônio em risco. E, não raro, corrói a autoestima. Para a economia de um país, uma taxa de desemprego alta mantida por muito tempo também é devastadora. Aumenta a inadimplência, reduz o consumo, eleva a informalidade e joga a atividade econômica para baixo”, afirma a reportagem da revista Exame.

Como afirma a revista, para piorar e tornar ainda mais dramática a situação, a taxa de desemprego é maior entre os mais jovens, que se concentram na faixa de 18 a 24 anos de idade. A perda de empregos nesta faixa etária está atualmente em 18% (em janeiro era de 12,9%). Estudos internacionais mostram que um atraso de seis meses a um ano na entrada no mercado de trabalho impacta negativamente a renda futura de um jovem durante dez anos. “Dada a gravidade do momento que o Brasil vive hoje, era de esperar que o governo reforçasse as políticas públicas voltadas para esses jovens sem trabalho. Na realidade, está ocorrendo justamente o contrário. O Pronatec, programa federal de capacitação para emprego técnico, tinha como meta atingir 12 milhões de pessoas de 2015 a 2019, mas recentemente o número foi cortado para 6,3 milhões. E quem precisa de financiamento público para arcar com os custos de uma faculdade também encontra dificuldades, até porque o governo reduziu, através do Fies, em quase 50% o número de novos contratos assinados no primeiro semestre de 2015”, afirma a revista.

O país paga um preço alto pelo conjunto de erros cometidos pelo governo Dilma nos últimos anos. Agora, com a pressão para colocar as contas do país em ordem, falta dinheiro para o Estado cumprir com uma de suas principais obrigações: liderar o esforço para melhoria da qualidade da educação. E quem está pagando o preço dos erros e da falta de investimento são justamente aqueles para quem o Estado deveria estar mais preocupado, os jovens, que representam o futuro do País.