O senador Alvaro Dias fez um veemente protesto, na reunião da CAE desta terça-feira (17), em virtude da atitude do presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, de ignorar convite do Senado para discutir, em audiência pública, os problemas do endividamento da estatal. O presidente da Petrobras, além de não comparecer à audiência, manobrou para que outro diretor da companhia também faltasse à reunião, o que provocou indignação de diversos senadores. Para Alvaro Dias, a atitude da diretoria da estatal, além de profundamente desrespeitosa com o Congresso Nacional, corrobora intenção do governo federal de fazer do parlamento um mero almoxarifado.

“A direção da Petrobras tratou a usina de Pasadena melhor do que o Senado Federal. Isso é um descaso, uma desfaçatez com uma instituição tão importante quando o Senado da República. Quando Ulysses Guimarães promulgou a Constituição, imaginávamos que tivesse sido restabelecida a interdependência entre os poderes, em que o Congresso não seria mais subserviente ao Executivo, não se postaria de cócoras diante do governo. Não podemos corroborar atitudes desta natureza que colocam esta instituição de cócoras novamente. Se antes existiam os atos institucionais, as cassações de mandato para acovardar o Legislativo, hoje usam outros métodos escusos, como a corrupção, essa relação promíscua instalada no balcão de negócios. Temos que repudiar este comportamento com veemência, sob pena de submeter o Congresso à humilhação diante da opinião pública. O que somos, um almoxarifado do Poder Executivo?”, protestou o senador Alvaro Dias.

Devido ao protesto do senador Alvaro Dias e de outros parlamentares, o presidente da CAE, Delcídio Amaral, decidiu cancelar a audiência que seria realizada apenas com um representante da Petrobras. Para Alvaro Dias, o presidente da estatal terá dificuldades de explicar no Congresso o endividamento da companhia, de mais de R$ 507 bilhões, mas a decisão de se recusar a comparecer para prestar contas merece o repúdio de todo o Congresso.

“Nós repudiamos este tipo de comportamento do presidente da Petrobras. Não estão numa fase de recuperação da empresa, então por que não vir ao Congresso dar esclarecimentos? Por isso lavramos nosso protesto, nosso repúdio a este tipo de comportamento. Também rejeitamos a presença de coadjuvantes da diretoria da empresa. Cabe também ao ministro das Minas e Energia, que é senador e que comanda este setor, tentar colocar ordem naquela casa, porque se antes a Petrobras abrigou uma quadrilha, hoje abriga os que desrespeitam o Congresso Nacional”, afirmou Alvaro Dias.