No discurso que fez em plenário, nesta segunda-feira (30/11), o Líder da Oposição, senador Alvaro Dias, anunciou o encaminhamento à Caixa Econômica Federal de ofício cobrando explicações sobre as dúvidas levantadas no sorteio da mega-sena (veja mais aqui) e lembrou as denúncias que vem fazendo, desde 2004, sobre supostas fraudes envolvendo loterias. “Em 2004 e em 2005, especialmente em 2005, denunciei desta tribuna, com base em informações sigilosas fornecidas pelo COAF, que cidadãos brasileiros, com muita sorte, ganhavam muitas vezes na loteria. Denunciamos que um deles chegou a ganhar 525 vezes; outro, mais de 300 vezes; outro, mais de 200; um deles mais de 100, com vários prêmios no mesmo dia, em sete loterias diferentes em vários estados brasileiros, prêmios sacados no mesmo dia. É claro que consubstanciava claramente a existência da lavagem de dinheiro sujo com sorteios das várias loterias administradas pela Caixa Econômica Federal”, disse.
Segundo Alvaro Dias, em decorrência dessas denúncias, foi aberto um inquérito que tramita na 2ª Vara da Justiça Federal. “ Esse inquérito (nº 1.352) ainda não apresentou seus resultados definitivos. Nós, em diversas oportunidades, fizemos a cobrança para que a população brasileira pudesse ter as informações sobre os resultados desse inquérito”, destacou
No ofício encaminhado à presidência da CEF, o senador questiona sobre essas denúncias antigas e também sobre o sorteio da mega-sena que teve um único ganhador em Brasília, depois de a Caixa Econômica Federal ter anunciado que não havia ganhadores. O prêmio foi de R$ 205 milhões.
O senador destacou que, em 2007, apresentou o Projeto de Lei 62, que estabelece instrumentos para evitar que as loterias da Caixa Econômica Federal possam vir a ser utilizadas para ações de lavagem de dinheiro. “O que pretende o projeto? Primeiro, ao sacar o prêmio, o vencedor deve comprovar a origem dos recursos de suas apostas. Segundo, o gerente somente poderá pagar o prêmio após a comunicação prévia à Central de Loterias, bem como ao Coaf, ficando o saque bloqueado até informações dos referidos órgãos. Terceiro, o saque fica condicionado à identificação completa do sacador e à verificação se o mesmo tem antecedentes criminais, com a comunicação com a Polícia Civil de cada Estado onde se localiza a agência. O que se pretende, com esse projeto, é maior transparência. A Caixa Econômica tem de conferir maior transparência nas ações que desenvolve administrando loterias, afinal, essas loterias fazem parte da vida de milhões de brasileiros, acalentam o sonho de melhorarem de vida, ganhando um prêmio da loteria. Muitas pessoas humildes, inclusive, pobres, com dificuldades financeiras inevitáveis, acabando aplicando recursos na esperança de que o sorteio de uma das loterias possa brindá-lo com um prêmio. Vamos aguardar, portanto, os esclarecimentos da Caixa Econômica para analisarmos a hipótese de novas providências”, finalizou.