Em meio à crise econômica e à recessão que assolam o País, o mercado de trabalho no Brasil vai de mal a pior. Novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado nesta semana, estimou que 2,3 milhões de trabalhadores devem perder seus empregos este ano. Deste total, 700 mil serão brasileiros, representando 30% do avanço. O aumento de 7,7% no índice de desemprego do país é o maior entre as grandes economias mundiais. O relatório revelou ainda que, em comparação com 2014, serão 1,2 milhão de novos desempregados no Brasil. Segundo a OIT, o Brasil “entra numa recessão severa” e nem mesmo as políticas sociais e de promoção de empregos implementadas nos últimos anos serão suficientes para frear o desemprego.
Um outro estudo, da consultoria LCA, reforça a perspectiva negativa em relação ao mercado de trabalho. De acordo com as previsões, o Brasil deve perder cerca de 1,4 milhão de postos formais de trabalho até o fim deste ano, após ter encerrado 2015 com um saldo negativo de 1,6 milhão. Pelas estimativas, a indústria ficará com cerca de 558 mil postos a menos, liderando entre os setores com maiores baixas no número de vagas. Desde 1999, o país não tinha um segundo ano seguido com fechamento líquido de empregos, pelos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
Apesar dos números oficiais mostrarem uma realidade preocupante no mercado de trabalho, a situação, na verdade, é ainda mais dramática do que a apresentada pelos registros de desempregados do governo federal. Em pronunciamentos que fez no Plenário no ano de 2015, o senador Alvaro Dias alertou para o fato de que os critérios usados pelo governo para calcular o índice de desemprego no País são tendenciosos, fantasiosos e mascaram a realidade. De acordo com o IBGE, disse o senador, o país tem 92 milhões de empregados, pouco mais de 8 milhões de desempregados e 63 milhões de pessoas “fora da força de trabalho”.
“Há uma ilusão em relação ao desemprego no Brasil. Os números oficiais apresentados pelo governo se constituem em farsa. Nós temos os números do IBGE, que, comparados com os do Dieese, já apresentam uma distorção de 4,9%”, disse Alvaro Dias. O senador explicou que o IBGE classifica como ocupadas ou empregadas as pessoas que, na semana de referência, trabalharam pelo menos uma hora em atividade remunerada ou sem remuneração direta, além daquelas que tinham trabalhado ou trabalho remunerado, mas estavam temporariamente afastadas na semana da pesquisa. “São critérios que não retratam a realidade do dia a dia. Não é uma metodologia consistente”, avaliou.
Para o senador Alvaro Dias, o país tem 71 milhões de desempregados, ou seja, 55% da população com trabalho e 45% sem. “Um cenário dramático, que se alarga agora, em razão do aprofundamento desta crise, que faz ainda mais trágica a situação social que envolve milhões de brasileiros”, conclui o senador.