No discurso que fez em plenário, nesta segunda-feira (21/3), o senador Alvaro Dias (PV/PR) disse que o processo de impeachment da presidente da República é irreversível. “Precisamos deliberar sobre esse processo o mais rapidamente possível. Aqueles que querem defender a presidente Dilma terão oportunidade no ato do julgamento definitivo, aqui no Senado Federal. O País não pode ficar à mercê dessa indefinição. Afirmar que não há pressupostos básicos que sustentam a proposta de impeachment é trombar com a realidade dos fatos. É evidente que existem esses pressupostos”, disse.

Segundo o senador, as pedaladas fiscais e outros crimes contra o Orçamento já justificariam o pedido de impeachment, mas ainda há a utilização de recursos da corrupção da Petrobras na campanha eleitoral, o que está comprovadamente documentado pela Operação Lava-Jato. “Isso dá sustentação jurídica à ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral. São estarrecedores os crimes revelados pela Operação Lava-Jato que sacodem o País, indignado. Não há como ignorar todos esses fatos, inclusive com a presença da presidente Dilma, porque esses crimes foram praticados à sombra do poder no País.  Há ainda os crimes que foram praticados sob a égide da própria presidente da República, e eu citaria, como exemplo, a escandalosa compra da usina de Pasadena”, justificou.

Repúdio ao acordão

Alvaro Dias repudiou também a denúncia da existência de um acordão político entre o PMDB e setores da oposição: “Mesmo que essa denúncia seja consistente, esse acordão não afetaria as instituições que se consagram, agora, como independentes e ousadas: a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça Federal. Acordão espúrio algum, no mundo da política, haverá de atingir a independência dessas instituições públicas que estão sendo reconstruídas sobre os escombros provocados pela descrença nacional em razão dos escândalos de corrupção. Por isso, não queiram parar a Operação Lava-Jato. Não há como interromper a sua caminhada. É irreversível. Irá até o fim”.

Mas, na opinião do senador, o impeachment, por si só, não resolverá a crise brasileira. “Não creio que uma substituição eventual da presidente pelo vice-presidente possa despertar em nós a esperança de uma mudança para valer, porque, afinal, será o sócio majoritário assumindo o lugar da sócia minoritária. A minha esperança mora em 2018. Espero que ela não se frustre, porque a mudança só ocorrerá se o povo brasileiro, em 2018, tiver a felicidade de fazer a melhor escolha”, declarou Alvaro Dias.