“O PT deveria agradecer a Eduardo Cunha, porque ele acolheu um pedido de impeachment, esse que diz respeito às pedaladas, e deixou de acolher mais de cinquenta, que dizem respeito a corrupção, ao conjunto da obra de imoralidade pública que se edificou neste País nos últimos anos”. A afirmação foi feita pelo senador Alvaro Dias, na sessão plenária desta segunda-feira (25), durante debate sobre a eleição dos membros da comissão especial que analisará o pedido de impeachment da presidente Dilma.

O Líder do PV disse estranhar as críticas feitas por senadores do PT ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, como se ele fosse o responsável único por conduzir a aprovação do impeachment a partir do crime das pedaladas fiscais. Para Alvaro Dias, Cunha adotou esse posicionamento como autoproteção e também para proteger o próprio governo Dilma, de quem era aliado.

“Eu estranho que o PT tenha usado tanto o nome de Eduardo Cunha, como se fosse ele o responsável pelo impeachment. Estranho essa rebeldia da parte do PT em relação ao Presidente da Câmara. Nós que devemos estar revoltados com ele, porque ele deveria ter acolhido mais de 50 pedidos de impeachment, incluindo Lava Jato, petrolão, corrupção de modo geral, que afetam, direta ou indiretamente, a Presidência da República. Portanto, esse conjunto da obra de imoralidade foi desprezado, mas apenas essa questão das pedaladas já justifica o impeachment por se tratar de crime de responsabilidade”, afirmou o senador.

Em aparte feito ao senador Ricardo Ferraço, Alvaro Dias destacou que, apesar da “tentativa desvairada” do PT de tentar reduzir o processo de impeachment a um crime menor, de “pedaladas”, o governo não tem como se livrar do fato de que poderia ter dispensado a contabilidade criativa se tivesse agido de forma responsável em relação às finanças públicas.

“Tentativa do PT de dizer que não houve crime menospreza o TCU, que é uma corte de contas extraordinariamente qualificada tecnicamente, e que julgou as contas e definiu as pedaladas como procedimentos irregulares adotados pelo governo federal. Na verdade, Dilma não precisaria ter adotado a contabilidade criativa das pedaladas se não tivesse repassado ao BNDES, de 2008 a 2014, o total de R$ 716 bilhões, para alimentar determinados grupos econômicos próximos aos governantes, e para financiar nações, especialmente aquelas ideologicamente próximas do governo, além de ditaduras corruptas e sanguinárias. O governo do PT poderia ter dispensado as pedaladas se não tivesse agido de forma irresponsável, comprometedora e até criminosa. Portanto, deveríamos estar julgando aqui todos os crimes, e não o estamos fazendo porque Eduardo Cunha protegeu o governo ao não acolher pedidos de impeachment que incluíam outros crimes. Cunha protegeu Dilma para se autoproteger porque os crimes foram praticados também por ele como presidente da Câmara. Os crimes estarrecedores comprovados pela operação Lava Jato foram praticados à sombra do poder. O PT pode trazer tribunal paralelo, afinal, já tem um governo paralelo, e agora uma residência oficial paralela. Este, enfim, é o governo dos paralelismos”, afirmou o senador Alvaro Dias.