As denúncias envolvendo o ministro do Planejamento, Romero Jucá, foram abordadas pelo senador Alvaro Dias no discurso que fez em plenário nesta segunda-feira (23/5). Para o senador, o presidente interino Michel Temer não deveria nomear investigados para o governo. “Quem assume a presidência, tem que ter caneta, tem que ter coragem e agir em respeito à sociedade e, obviamente, não pode titubear. Não pode ser tolerante diante do fracasso e do erro. Aliás, a intolerância diante do fracasso e a indignação devem ser, sem dúvida, as armas de quem governa um país em crise como o nosso”, disse.
O senador também disse que o fato de o governo titubear em determinados momentos não pode ser confundido com a afirmação de que houve um golpe. “O fato de um ministro de Estado articular uma pressão sobre a Operação Lava Jato para comprometer a sua eficiência não autoriza ninguém a afirmar que houve um golpe. Porque a deliberação sobre o impeachment da presidente se deu depois de amplo debate e se deu exatamente em razão da constatação de que houve crime de responsabilidade. Os pilares essenciais da Lei de Responsabilidade Fiscal foram golpeados em algumas ações desenvolvidas pelo Governo e, especialmente, pela Presidência da República, apesar do alerta reiterado de servidores técnicos do Tesouro Nacional. Portanto, a condenação que parte do Tribunal de Contas da União, extremamente qualificada tecnicamente, autorizou o Congresso, sim, a propor um processo de impeachment legalmente constituído e juridicamente perfeito. Não há o que questionar. Nem mesmo há porque discutir a eventual suspensão desse processo. Como não há como discutir retrocesso em relação à Operação Lava Jato ”.
Para Alvaro Dias, nenhum governo pode interferir na Justiça e na Operação Lava Jato: “Gravações, suposições, especulações, desejo de investigados, isso não autoriza ninguém a pressupor que haverá sucesso nessa tentativa estapafúrdia de comprometer a eficiência da Operação Lava Jato. No seu discurso inicial o Presidente Temer usou a palavra confiança como palavra-chave. Nós podemos usar a palavra credibilidade, nesta hora, como palavra-chave. Não basta repreensão, é preciso substituição. Um governante que demora para decidir, quando decide compromete a eficiência da sua decisão. O desgaste é inevitável. Aliás, deveria aproveitar o ensejo e pedir aos demais investigados que deixem também o Governo”, finalizou