O Orçamento da União, elaborado pelo governo federal, destina 42,43% somente para pagamento de juros da dívida pública, uma diferença absurda quando comparada com o que é gasto com setores essenciais como educação (3,91%) e saúde (4,14%). A crítica foi feita pelo senador Alvaro Dias, que subiu à Tribuna na sessão desta quarta-feira (14) para alertar os parlamentares e a sociedade a respeito do descontrole do Poder Executivo sobre a dívida pública brasileira, para chamar atenção em relação ao abismo entre o que é gasto nos serviços essenciais à população e o que é destinado para os juros da dívida, e para cobrar do governo atual medidas que garantam uma melhor administração e o reescalonamento desse endividamento.

No seu pronunciamento, Alvaro Dias destacou que a dívida pública brasileira alcança hoje mais de R$ 3,900 trilhões, e que o governo brasileiro gasta, neste ano de 2016, R$ 1,338 trilhão somente para o pagamento de juros e serviços. Segundo afirmou o senador, quase a metade do que o País arrecada em impostos vai para o pagamento de juros.

“Outros países tão endividados ou até mais endividados do que o nosso gastam menos da metade, proporcionalmente gastam menos do que nós gastamos para a rolagem das suas dívidas. Eu posso citar a Alemanha como exemplo. Mas apesar dessa escandalosa dívida pública, eu não ouço o atual governo do presidente Michel Temer, do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que tem obviamente uma boa inserção no mercado e que é um economista de notório saber e de reputação incontestável, não vi até agora, nesse período de governo interino e agora nos primeiros dias do governo efetivo, nenhum anúncio em relação à dívida pública brasileira. Não vi nenhuma proposta, não vi sequer notícia de que se estudem alternativas para o reescalonamento da dívida pública brasileira, para que o impacto dela sobre a economia, sobre o dia a dia do povo deste País seja minimizado. Não, não vi nenhuma proposta, nenhuma alternativa”, disse o senador Alvaro Dias.

Para o líder do Partido Verde, não é possível ter uma solução para os muitos problemas brasileiros sem que o governo encontre, inicialmente, uma solução para a questão da monumental dívida pública do País. “Uma administração mais competente da nossa dívida é essencial para abrirmos caminhos para solucionarmos problemas vitais. É evidente que, se estamos gastando a metade do que arrecadamos no pagamento de juros e serviços da dívida, não está sobrando para setores essenciais, como saúde, educação, segurança pública, geração de emprego, melhoria das condições de vida da nossa gente. Portanto, há que se buscar uma equação para a dívida pública do nosso País”, disse Alvaro Dias.