“Enquanto não derrubarmos esse balcão de negócios, enquanto não sepultarmos esse sistema de governança, nós não colocaremos o Brasil nos trilhos do progresso e do desenvolvimento e não teremos o respeito do povo brasileiro”. A afirmação foi feita nesta segunda-feira (10), pelo senador Alvaro Dias, em discurso no Plenário. Para o senador, desde que veio à tona o monstruoso esquema de corrupção desvendado pela operação Lava Jato, muito se tem falado sobre as consequências dos desvios de bilhões de dinheiro público, mas pouco se fala a respeito das causas desse escândalo. Alvaro Dias afirma que a causa dos males que afligem a sociedade brasileira é o sistema promíscuo de governança que se instalou no Brasil, que tem como base o balcão de negócios e a distribuição de cargos para obtenção de apoio no Congresso.
“Os últimos governos, nos últimos 14 anos, institucionalizaram essa prática da promiscuidade, impondo o conceito de que governabilidade tem que rimar com promiscuidade. Eu vou repetir o quanto for necessário, porque acho que é meu dever, que, enquanto esse sistema de governança prevalecer, o Brasil não vai alcançar os índices de crescimento compatíveis com sua grandeza e, sobretudo, com a grandeza do seu povo, porque esse sistema esgota a capacidade de o Poder Público investir em setores essenciais para o desenvolvimento econômico e social do País. Esvai-se a capacidade financeira de investir em educação, em saúde, em segurança pública, em geração de emprego, em desenvolvimento”, disse o senador.
No seu pronunciamento, o senador Alvaro Dias afirmou que o sistema do balcão de negócios se transformou na usina dos grandes escândalos de corrupção e na fábrica de governos corruptos e incompetentes. O senador condenou o sistema do aparelhamento do Estado, em que os partidos políticos fazem indicações para os principais cargos sem levar em conta a qualificação técnica ou a competência do indicado.
“Quem se elege para governar o País perde autoridade ao permitir que os partidos políticos se digladiem, como disse o Ministro Barroso, na disputa pelos cargos mais importantes da República. Eles disputam os espaços e obrigam o governante, inclusive, a ampliar as estruturas existentes, criando ministérios, diretorias, departamentos, secretarias, empresas estatais, agências reguladoras, cargos comissionados, estabelecendo o que chamamos de paralelismo, de superposição de ações, desperdiçando os recursos públicos com o crescimento exagerado das despesas correntes, as chamadas despesas de custeio, e impossibilitando os investimentos produtivos”, afirmou.