Se tiver coragem para propor grandes mudanças, credibilidade e capacidade de se comunicar com a sociedade, segundo o senador Alvaro Dias (Podemos/PR), o presidente que for eleito em 2018 terá, sim, condições de substituir por outro o sistema de governo atual, que ele classifica como “balcão de negócios promíscuos, usina de grandes escândalos, matriz dos governos corruptos, clonado e transplantado para os estados.” O senador defendeu esse ponto de vista em palestra que proferiu em Curitiba na quinta-feira à noite, no Tribunal de Justiça do Paraná, durante o evento “Panorama Jurídico”, que reuniu alunos do Curso de Direito da Universidade Tuiuti.
Alvaro Dias enfatizou aos estudantes que o modelo de estado vigente faliu e é preciso agora um novo conceito. “E essa – explicou – é uma tarefa para o próximo presidente, porque o atual optou por manter a mesma orientação da sua antecessora – esse sistema corrupto, de relação promíscua entre executivo, legislativo, partidos políticos e setores da iniciativa privada.”
Segundo o senador, o governo atual é somente “um sucedâneo do governo anterior, ou o mesmo governo, porque houve apenas a substituição de quem preside – os agentes públicos são os mesmos, com pequenas alterações e o sistema adotado é o mesmo, não houve alteração.” Alvaro disse ter consciência de que muita gente considera impossível governar sem a cooptação de apoios partidários que ocorre atualmente e lembrou que, no final de semana, em palestra para a qual foi convidado na Associação Comercial de Porto Alegre, ouviu gente manifestando essa dúvida: “Como governar sem o apoio do Congresso e como ter o apoio do Congresso sem comprar parlamentares”.
“Não tenho dúvida – explicou – de que isso é possível, bastando inverter as prioridades: primeiro, conquistar o apoio da sociedade, propondo aquelas reformas que o Brasil considera necessárias; depois, respaldado pela sociedade, ir buscar o apoio do Legislativo, porque os nossos parlamentares não costumam remar contra a maré da opinião pública – quando o povo quer, o Congresso vai atrás.”
Alvaro reafirmou aos estudantes seu ponto de vista de que foi um erro o impeachment só da presidente Dilma, poupando seu vice. “Tivesse sido destituída a chapa completa naquela ocasião – explicou – estaríamos agora sob o governo de um presidente com mais condições para realizar as reformas de que o país necessita, porque teria a credibilidade de quem exerce um mandato legitimado pelo voto direto.”
Sergio Moro
No início de sua palestra Alvaro Dias fez questão de enfatizar seu repúdio às agressões de que o Judiciário vem sendo vítima, “em especial aquelas dirigidas ao juiz Sergio Moro, figura emblemática da nossa nova Justiça, que deixou de ser aquela Justiça que só julgava e condenava pobres.” O senador enfatizou estender sua homenagem também à Polícia Federal e ao Ministério Público, lembrando que a atuação das três instituições “faz renascer no povo brasileiro a esperança de uma sociedade mais justa”.
Leonardo Santos