Alvaro Dias é o primeiro presidenciável a ser sabatinado em conjunto por Folha, Uol e SBT

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Na manhã desta segunda-feira (7), o senador Alvaro Dias foi o primeiro presidenciável a ser sabatinado pela parceria entre a Folha de S.Paulo, o site Uol e a rede de TV SBT. O senador foi escolhido pelos veículos de imprensa para ser sabatinado por estar entre os melhores colocados nas pesquisas eleitorais. Na sabatina, que durou mais de uma hora, o senador foi questionado sobre seu projeto de refundação da República, sobre alianças político-eleitorais, economia, segurança pública, educação, balcão de negócios, entre outros temas.

Questionado pelos jornalistas da Folha, do Uol e do SBT sobre a questão da reeleição de governantes, o senador Alvaro Dias afirmou que ter mudado a Constituição para esse fim foi um erro, e que é preciso rever este instituto. “Sim [acabaria com a reeleição]. Acho que essa instituição da reeleição não deu certo. Temos de alcançar uma maturidade política para voltarmos a discutir o instituto da reeleição. Foi um mal, não deu certo. Não concordo, mudaria”, disse o senador.

Em outro ponto da sabatina, Alvaro Dias descartou qualquer possibilidade de o Podemos firmar aliança com o PSDB, ou mesmo a chance de se tornar vice na chapa do ex-governador paulista Geraldo Alckmin. “O PSDB é sustentado pelo sistema que eu estou contestando”, disse o senador. “O PSDB é sustentáculo do sistema que eu estou combatendo. Por isso só faremos alianças com partidos que assimilem essa proposta de ruptura com o modelo do balcão de negócios”, afirmou.

Alvaro Dias, que já foi do PSDB, disse que governaria em um modelo suprapartidário, e afirmou na sabatina que deixou a legenda por insatisfações com a forma de governança adotada pelos tucanos, com distribuição de cargos entre aliados. “É contraditório, mas eu nunca mudei de partido, porque não temos partidos no Brasil”, disse.

Na sabatina, o senador Alvaro Dias foi entrevistado pelos jornalistas Diogo Pinheiro, chefe de reportagem do UOL, Fernando Canzian, repórter da Folha, e Carlos Nascimento, âncora do SBT. Nas respostas que deu aos sabatinadores, Alvaro Dias disse ser favorável a bandeiras como a continuidade da Lava Jato e o fim do foro privilegiado, além de ter defendido maior armamento da população e maior rigor na segurança pública, com “providências mais rigorosas sem o risco de punições eventuais” à polícia.

Na entrevista, o senador defendeu também que seja adotado um “imposto quase único” no país, com eventual retorno da extinta CPMF. Alvaro Dias também afirmou ser a favor de uma reforma trabalhista, mas contra o modelo aprovado no governo Temer. Na sabatina, o senador Alvaro Dias também defendeu que seja feita uma reforma da Previdência mais complexa do que a que o governo Temer tentou aprovar no Congresso. O senador se declarou favorável à redução da idade mínima para recebimento da aposentadoria e à equiparação dos regimes dos setores público e privado.

“Há de se discutir entre as partes [sobre a idade mínima], mas, evidentemente, essa proposta que está na Câmara pode ser utilizada com alguns ajustes ali. Essa que não passou, que emperrou. […] A questão da idade dá para assimilar o que está na proposta”, disse. O projeto original apresentado pelo governo Temer previa idade mínima de 65 anos para homens e mulheres. Em relação a uma reforma da Previdência dos militares, disse ser preciso “analisar”, porque há excepcionalidades e não se deve dar o mesmo tratamento a todos os trabalhos já que há “atividades mais estressantes, de risco”.

Em outro ponto da sabatina, o senador disse que a reforma do Estado brasileiro é essencial, principalmente para acabar com os privilégios das autoridades. Segundo disse Alvaro Dias, antes da reforma da Previdência seria preciso também reduzir o número de senadores, deputados e vereadores de forma proporcional aos respectivos estados, além de apresentar um balanço sobre o sistema previdenciário a fim de mostrar sua necessidade.

“Não é pela dívida da Previdência, porque até essa dívida não será recebida integralmente, por mais boa vontade que se possa ter, pelo governo. Uma parte dela, sim. Outra parte, se perdeu. Empresas faliram. Essa inadimplência de mais de R$ 400 bilhões. Mas, o governo não tem o direito de colocar a mão grande no bolso do pequeno sem acossar os poderosos”, pontuou o senador.

Na sabatina, questionado sobre a dívida pública brasileira e economia, Alvaro Dias defendeu uma reforma no sistema tributário que simplificaria as taxas cobradas atualmente.

“Precisamos simplificar o modelo. Podemos discutir a hipótese do imposto quase único e, nesse caso, você poderia adotar o imposto de movimentação financeira mais o imposto de renda para altos ganhos e o imposto de importação para proteger a produção nacional”, falou, ao acrescentar que a questão deve ser discutida “intensamente”.

Quanto a projetos estudados no Congresso Nacional, o senador Alvaro Dias afirmou concordar com a unificação de impostos como o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte e de Comunicação) e o ISS (Imposto sobre Serviços) e, junto a outros, transformá-los no IVA (Imposto sobre Valor Agregado). A fim de compensar eventuais perdas iniciais, defendeu um fundo com recursos de um “amplo programa de privatização” sustentado pelo BNDES.

“Essa reforma tributária não ocorre porque os governantes não possuem essa visão estratégica de futuro. São imediatistas. Temem perder receita num primeiro momento. […] Esse distanciamento nos coloca em dificuldade e em desvantagem quando concorremos no comércio exterior”, disse.

Foto: Luiz Wolff