Amanhã será um lindo dia da mais louca alegria que se possa imaginar (…) Amanhã, mesmo que uns não queiram, será de outros que esperam ver o dia raiar (…) Amanhã, ódios aplacados, temores abrandados. Será pleno”. Com a canção de Guilherme Arantes gravada em 1977, em meio à ditadura militar, o marqueteiro Duda Mendonça encerrava – magistralmente – a vitoriosa campanha do então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. Para quem acreditava, foi de arrepiar. Também pudera. Àquela altura, havia no ar o combustível que nos move toda vez que precisamos sair de uma situação de aparente adversidade irremediável: esperança. A esperança triunfou, mas degenerou em alianças espúrias, projeto de perpetuação no poder à base de mensalões, populismo político-econômico, corrupção institucionalizada – e o decantado mito revelou-se uma fraude. O resto já é história. A tragédia petista, somada ao avanço da Lava Jato sobre podres poderes, sem distinguir ideologias e colorações partidárias, aprofundou o desalento com a política. Os números são eloquentes. Nas mais recentes pesquisas de intenções de voto, brancos, nulos e indecisos somaram alarmantes 45,7%.
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