Na reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal realizada, nesta terça-feira (26/2), para sabatinar o novo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o senador Alvaro Dias questionou a falta de transparência relativa ao endividamento de municípios, estados e da União. “Convalidamos aqui no Senado iniciativas do Executivo em relação ao endividamento dos entes federativos sem a análise técnica que se exige em respeito, sobretudo, à Lei de Responsabilidade Fiscal. Esse endividamento está levando o Brasil à bancarrota. Estamos quebrando o País e abastecendo, por consequência, o caixa das instituições financeiras privadas, que se valem da rolagem dos títulos públicos para aumentar lucros estratosféricos”, disse Alvaro Dias.
O senador disse que não há nada no cenário internacional que possa ser comparado ao endividamento que ocorre no Brasil, e criticou o descumprimento da legislação: “O cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal tem sido empurrado para as calendas. O Conselho de Gestão Fiscal instituído na Lei de Responsabilidade Fiscal não foi até hoje constituído”.
Perguntas ao presidente do BC
Ao questionar o novo presidente do BC, Alvaro Dias defendeu a reforma do sistema financeiro e a necessidade de uma solução para o crescimento da dívida pública: “Somos 62 milhões de devedores no País, e continuamos aumentando a inadimplência com altas taxas de juros. Os juros do cartão de crédito e do crédito pessoal têm taxas que passam de 300%. É um escárnio, uma afronta. Fala-se de uma reforma da Previdência que vai economizar R$1 trilhão em 10 anos, mas só o pagamento de juros da dívida pública consumirá em dois anos e meio essa economia. A reforma da previdência hoje é cantada em prosa e verso como o próximo milagre, a salvação da lavoura, a solução de todos os problemas do País. Mas de nada adianta uma reforma da previdência se nós não cuidarmos do endividamento do país”, ponderou o senador na CAE.
Fotos Thaty A.Martins e Luiz Wolff