O plenário do Senado aprovou, esta terça-feira (26/04), o projeto do senador Alvaro Dias que tem a finalidade de instituir em lei o reconhecimento oficial, pelo Brasil, do genocídio de ucranianos por meio da fome, o Holodomor. O projeto determina ainda o quarto sábado de novembro como Dia de Memória do Holodomor no Brasil. A matéria segue agora para análise na Câmara dos Deputados.

O cenário de guerra vivido atualmente pela Ucrânia tem causado comoção em todo o mundo. O líder do Podemos, Alvaro Dias, reconhece a importância da solidariedade e do respeito dos brasileiros com a Ucrânia neste momento de profunda dor e de dificuldades. “É um momento de solidariedade à Ucrânia e ao seu povo. Os golpes contra o coração de uma nação nos levam à responsabilidade da solidariedade. É um grito de indignação diante da violência, do desrespeito aos direitos humanos, da insensibilidade gritante que comete crimes contra a humanidade”, afirmou Alvaro Dias.

O senador lembrou que, em 2008, esteve na Ucrânia a convite do embaixador ucraniano no Brasil, e presenciou um ato de grande emoção. “Sob chuva e muito frio, a homenagem póstuma àqueles que foram vítimas da matança pela fome que se denominou Holodomor. Depois daquela emocionante solenidade, não esquecemos jamais do que vimos: 45 nações presentes a um ato de solidariedade internacional. O Brasil não estava presente, mas o Senado sim. Entendemos então que seria necessária uma posição oficial do nosso país em relação a esse tema”, recordou o líder do Podemos.

Ele assinalou que historiadores estimam que entre 3 milhões e 14 milhões de ucranianos foram dizimados pela fome no ato de prepotência da União Soviética, comandada por Joseph Stalin. Na época, confiscou-se a produção agrícola, o que levou milhões de ucranianos à morte pela fome. “Temos que seguir o caminho de outras nações que reconhecem o genocídio, como um alerta à humanidade. Especialmente num momento em que a violência é estampada diariamente com imagens que nos aterrorizam nas telas da TV, retratando mortes, desespero, sofrimento de uma população inteira. No Brasil temos que dar resposta a esta exigência da civilidade”, clamou o senador.

Alvaro Dias ressaltou ainda que, no Brasil, vivem mais de 600 mil descendentes de ucranianos, sendo cerca de 80% deles no Estado do Paraná. “A nossa solidariedade a essa gente que contribuiu de forma extraordinária para alcançarmos uma identidade própria, com uma contribuição histórica que não podemos ignorar”, acrescentou o parlamentar, destacando a importância de se colocar o Brasil “na seleção daqueles países que, entendendo a importância desse gesto, também reconhecem como genocídio o Holodomor”.