“É estarrecedor ver um Tribunal de Contas da União transformando-se em uma ferramenta política de vingança”. A afirmação foi feita pelo senador Alvaro Dias, Líder do Podemos, em pronunciamento no Plenário na sessão desta quinta-feira (26/05). O senador fez duras críticas ao fato de o Tribunal de Contas da União (TCU) estar cobrando R$ 2,8 milhões do ex-procurador Deltan Dallagnol por gastos na Operação Lava Jato. Esses recursos teriam sido usados em diárias para que procuradores especializados em lavagem de dinheiro e crime organizado pudessem viajar para Curitiba a fim de promover as investigações.
Para o senador, o que está ocorrendo é uma “inversão de valores” na defesa do interesse nacional, do patrimônio público e do combate à corrupção. Alvaro afirmou que o TCU precisa ser qualificado tecnicamente e profissionalmente para apurar eventuais desvios do dinheiro público, e não agir por vingança.
“É estarrecedor ver um Tribunal de Contas da União transformando-se em uma ferramenta política de vingança. Que crime praticaram [os procuradores]? Denunciaram barões da corrupção, denunciaram ladrões do dinheiro público e quer-se que paguem por isso”, afirmou o senador.
Para Alvaro Dias, o Brasil vem mergulhando em um oceano de desalento diante das contradições, incongruências e injustiças que se verificam no País. “E mais ainda na inversão de valores mais estapafúrdia que se poderia imaginar. É o mesmo que disséssemos: quem denunciou vai para a cadeia, porque o denunciado está livre pelas ruas do país”, completou o senador.
Alvaro Dias disse ainda em seu pronunciamento que é preciso que o Congresso Nacional mude o sistema de escolha dos ministros de tribunais superiores, instituindo concurso público para preenchimento de cargos de conselheiros do TCU.
“Cabe ao Congresso Nacional essa mudança, a mudança do sistema de escolha dos ministros dos tribunais superiores. Tenho nesta Casa um projeto de lei que institui concurso público para o preenchimento de cargos de Conselheiros do Tribunal de Contas da União. É uma instituição que tem que ser qualificada técnica e profissionalmente. Vejam o disparate: num dia, um Conselheiro do Tribunal de Contas, chamado também de Ministro do Tribunal de Contas, vai ao lançamento de uma candidatura à Presidência da República e, depois, volta a Brasília e ingressa com providências para que o procurador que chefiou, que coordenou a Operação Lava Jato em Curitiba seja punido, tenha que devolver… tenha que colocar nos cofres públicos R$2,8 milhões. Isso é inusitado, isso é esdrúxulo, isso é ridículo!”, concluiu o senador Alvaro Dias.