O trabalho da Polícia Federal no Estado do Paraná vem sendo prejudicado, nos últimos tempos, com a falta de agentes e de infraestrutura para combater o crime organizado. Segundo informa a Federação Nacional dos Policiais Federais, nos últimos seis anos, os gastos da PF no Paraná com custos gerais, como locação de mão de obra e pagamento de passagens e diárias aos policiais, estão “congelados”. Com poucos recursos disponíveis, os efeitos do orçamento apertado são notados na estrutura da Polícia Federal no Paraná. Segundo o Sindicato dos Policiais Federais do Paraná (Sinpef-PR), a PF deveria contar com 1,5 mil policiais fazendo investigação no estado, mas o total hoje não passa de 500.
Como informa a Federação Nacional dos Policiais Federais, a delegacia da PF em Paranaguá, no Litoral do estado, é um exemplo. Na cidade que abriga o segundo maior porto marítimo do Brasil, a corporação tem 20 policiais de serviço, quando o ideal seria pelo menos 70. A redução do efetivo é uma realidade em todo o estado. Em 1990, a PF contava com 220 agentes trabalhando com investigação em Curitiba. Hoje, são 90.
A falta de pessoal resulta também em falhas na fiscalização. Na Ponte Tancredo Neves, fronteira de Foz do Iguaçu com Puerto Iguazú, na Argentina, 16 cabines construídas para controlar a entrada e saída de pessoas e veículos estão desativadas porque não há agentes suficientes para trabalhar lá. O investimento de R$ 250 mil, feito há dois anos, perdeu-se com o tempo. O espaço passou a ser usado como estacionamento.
Na cidade paranaense de Guaíra, na fronteira do Brasil com o Paraguai, e na qual bandidos operam uma rota para contrabando pesado de cigarro e drogas, os policiais são obrigados a usar as lanchas apreendidas nas operações para trabalhar, algumas destinadas à pescaria e que não são homologadas pela Marinha. A principal embarcação equipada para o combate ao crime, que custou R$ 2 milhões aos cofres públicos, está estragada e não pode ser acionada quando o nível do Rio Paraná está baixo.