Os analistas do mercado financeiro e da imprensa especializada na área econômica consideram que a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor´s, de rebaixar a nota de investimento do Brasil, revela que as manobras fiscais do governo Dilma “não enganam mais ninguém”. A agência justificou sua decisão listando uma série de expedientes adotados pela equipe econômica de Dilma nos últimos anos, como manobras e truques para superestimar receitas e subestimar ou protelar despesas, na tentativa de embelezar as estatísticas oficiais (o que se convencionou chamar de “contabilidade criativa”).
Em geral, os analistas chamaram a atenção para o risco de o Brasil ser novamente rebaixado e perder a nota de grau de investimento, considerada segura pelos investidores. Os resultados, segundo os especialistas, poderiam ser graves, com forte saída de dólares do País. O ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, por exemplo, disse ao “Estadão” que a decisão da agência Standard & Poor´s indica que, sem medidas corretivas do governo, principalmente na questão fiscal, o País pode perder o grau de investimento. “Foi menos mal, porque o Brasil ainda não perdeu o grau de investimento, mas fica sinalização forte que isso pode ocorrer caso não sejam tomadas medidas corretivas pelo governo, principalmente nas questões fiscal e de crescimento”, afirmou Loyola, que considerou o anúncio da S&P já esperado e antecipado pelo mercado, mas avaliou a decisão como negativa, pois poderá afastar novos investimentos. “Os investidores tomam em consideração essa classificação de risco nas decisões”.
Rebaixamento da economia brasileira significa falta de credibilidade internacional
O documento da agência que informa a decisão aponta como causas do rebaixamento a combinação da situação fiscal do país com a perspectiva de baixo crescimento nos próximos anos, além da piora nas contas externas. Na prática, avaliações como esta funcionam como uma classificação da credibilidade econômica país e servem como orientação para os investimentos produtivos. Aumentam as chances de calote por parte do Brasil, sobem também os juros pagos por financiamentos internacionais e os investimentos produtivos passam a procurar outros mercados. É o preço pago pela incompetência aliada à tolerância com a corrupção.