O senador Alvaro Dias, em pronunciamento no Plenário nesta segunda-feira, fez um apelo ao governo federal, para que retire os entraves que atualmente impossibilitam o avanço das pesquisas com células-tronco, e sua possível utilização na cura de doenças e para salvar vidas. O senador falou da sua participação no programa do comunicador Jocelito Canto, na rede Massa/SBT do Paraná, que realizou uma campanha de arrecadação para dar suporte ao tratamento com células-tronco que dois garotos da região de Ponta Grossa atualmente estão fazendo na Tailândia. Alvaro Dias lamentou que o Brasil, o primeiro país da América Latina a aderir a pesquisas com células-tronco, ainda não tenha tratamento para algumas doenças por conta dos entraves burocráticas e da legislação para o avanço na medicina.

“Participei na última sexta-feira do programa de TV de Jocelito Canto, a quem parabenizo aqui da Tribuna pela ação benemérita de arrecadar recursos para sustentar o tratamento de dois meninos paranaenses, que possuem uma rara enfermidade que não pode ser tratada no Brasil. A única esperança que as famílias possuem reside em um tratamento a partir de células-tronco realizado apenas na Tailândia. No programa de Jocelito Canto, fiz a pergunta que repito aqui no Plenário: por que esses garotos não podem ser tratados no Brasil?”, questionou o senador.

A partir das informações que recebeu de Jocelito Canto, o senador explicou que a doença, que atinge meninos e possui incidência de um em cada 3 mil a 4 mil nascimentos masculinos – segundo o Centro de Estudos Genoma Humano (USP), não possui nenhum tipo de tratamento no Brasil. “Ainda que sem a possibilidade de tratar a DMD no Brasil, Nelson e Ariane Patrzyk, os pais de Nathan, já tinham ouvido nas pesquisas com células-tronco, que pretendem promover a regeneração de tecidos. Ao pesquisar mais sobre o tema, encontraram um hospital na China, que também possui sede na Tailândia, que realiza esse tratamento. São seis injeções, que custam entre R$ 70 mil a R$ 100 mil. No Brasil, a legislação ainda não permite sua utilização”, afirmou o senador.

Alvaro Dias citou, em seu pronunciamento, depoimentos de diversos cientistas brasileiros, que falam sobre os maiores entraves ao desenvolvimento de suas pesquisas com células-tronco no Brasil: a dificuldade burocrática, a demora e o alto custo para a importação de reagentes. É o caso de Dario Zamboni, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP – Departamento de Biologia Celular Molecular e Bioagentes Patogênicos:

“No Brasil, encontrei vários desafios para fazer ciência de alto nível. Por exemplo, ainda é muito difícil importar reagentes para pesquisa. O sistema de financiamento no Brasil também é desafiador, porque muitas agências de fomento valorizam o número de trabalhos publicados por um cientista, em vez de favorecer a qualidade da ciência que é produzida. Além disso, a ordem de autoria nos trabalhos publicados muitas vezes não é valorizada. Eu e alguns colegas estamos lutando para corrigir esses problemas no sistema brasileiro”, disse o professor, em depoimento destacado por Alvaro Dias da Tribuna.

Ao concluir seu pronunciamento, o senador Alvaro Dias criticou ainda os entraves colocados pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), como, por exemplo, para dificultar a importação de medicamentos. “Mais uma vez a Anvisa coloca dificuldades que atrapalham o tratamento de doenças no Brasil. Esperamos que o governo brasileiro possa injetar mais recursos para alavancar pesquisas, para desenvolver o tratamento com células-tronco no nosso País, fundamentais para salvar vidas humanas com muita eficácia e celeridade. Avançamos em matéria de legislação, temos leis modernas, mas precisamos vencer entraves burocráticos que possibilitem estimular as pesquisas. Enaltecendo aqui o trabalho do comunicador Jocelito Canto, torcemos para que o tratamento dos meninos paranaenses na Tailândia dê resultado e eles possam retornar com saúde para o Brasil”, finalizou o senador.