O presidente da Comissão Europeia, o português José Manuel Durão Barroso, em tom de provocação, afirmou que o Brasil precisa agir “logo” para consolidar um acordo comercial com o bloco europeu, e que a demora pode pôr em risco o interesse das economias europeias no mercado brasileiro, em função do acordo em gestação com os Estados Unidos. Para ele, “parece absurdo” que o Brasil ainda não tenha concluído negociações bilaterais com a União Europeia, quando o bloco já tem parcerias com economias menores, como Coreia do Sul, Cingapura, Colômbia, Peru e Equador.
Segundo afirma o jornal “Estado de S.Paulo”, a demora na conclusão dos acordos comerciais foi tratada em reuniões dos dirigentes da Comissão Europeia com a presidente Dilma Rousseff. “Me parece um bocadinho absurdo que a UE tenha acordo de livre-comércio com o mundo inteiro menos com o Brasil. O Brasil é o ponto mais importante do Mercosul”, afirmou Durão Barroso, em palestra na Fundação Getúlio Vargas, no Rio.
A prioridade para uma articulação integrada com os países latino-americanos é defendida pelo Brasil, mas as negociações estão paradas há 14 anos por divergências internas do Mercosul. Os europeus preferem acordos bilaterais, mas, ontem, Durão Barroso foi diplomático: “Gostaríamos de ter um acordo com o Mercosul no seu conjunto. Agora, compete aos países do Mercosul dizerem se estão prontos para avançarem em conjunto”.
Em discurso recente no Plenário, o senador Alvaro Dias afirmou que o Mercosul vivencia a mais profunda crise desde a sua fundação. Para ele, os impasses se agravam entre os integrantes do bloco, e com isso os dilemas se multiplicam, deixando várias questões em aberto, como a que foi levantada pelo presidente da Comissão Europeia.
“É lamentável que o Mercosul, que possuía dimensão e potencial para operar como ator relevante das relações econômicas internacionais contemporâneas, tenha se transformado numa agremiação bolivariana”, afirmou o senador Alvaro Dias, em discurso recente.