“A Petrobras precisa de informações avassaladoras para interromper contratos com prestadoras de serviços”. A declaração foi dada pela presidente da estatal, Graça Foster, em coletiva de imprensa, nesta segunda-feira (17). A regra imposta por Foster vale para as construtoras citadas na operação Lava-Jato e para a holandesa SMB Offshore, acusada de pagar propinas a funcionários da petroleira em troca de contratos. Analistas da imprensa especializada afirmaram, depois da entrevista, que uma pergunta ficou no ar: o que Graça Foster entende por ser uma informação avassaladora? Com dois ex-diretores presos e a suspeita de ter havido o desvio, por anos, de bilhões de reais por uma quadrilha instalada dentro da empresa, o que poder ser mais avassalador que isso?

Segundo Graça Foster, o clima na Petrobras é tenso. Também pudera. A empresa não divulgou seu balanço financeiro neste começo de semana, e a diretoria da estatal agora afirma que serão necessários ajustes contábeis no valor dos ativos da companhia. Até que haja esse acerto de contas, a empresa continuará sem divulgar seu balanço, e não terá também o aval da auditoria independente Pricewaterhouse Coopers. Assim, a Petrobras não poderá fazer novas captações de recursos no mercado financeiro. A companhia perdeu nas últimas semanas mais de 20% de seu valor de mercado, e sem a divulgação do balanço, o dia a dia da empresa será afetado pelo fato de que nenhum banco apresentará propostas ou aceitará renovar empréstimos já concedidos. Desta forma, a Petrobras pode vir a passar por problemas de liquidez, cancelar ou rever contratos e paralisar ou atrasar muitas atividades importantes para a exploração e produção de petróleo.