Em pronunciamento no Plenário, na sessão desta quinta-feira (03), o senador Alvaro Dias lamentou a decisão tomada pela maioria dos deputados federais, de rejeitar a denúncia da PGR contra o presidente Michel Temer e, com isso, não autorizar a sua investigação pelo STF. Para corroborar o seu protesto, o senador, líder do Podemos, leu na Tribuna carta que lhe foi enviada pelo ex-deputado Samuel Saraiva, que hoje reside nos Estados Unidos.
Para Alvaro Dias, a carta de Samuel Saraiva reflete com exatidão o sentimento de desesperança e desânimo que habita a alma da maioria dos brasileiros. Leia abaixo a carta na íntegra:
“Aqui entre a gente. Ontem fui dormir com a mesma sensação de desolação que deu lugar a um amanhecer de desesperança, impotência e indignação ao ver o Brasil sofrido, sufocado e sem rumo. Amanheci com uma ressaca de alma. Esse sentimento latente está na alma, no ânimo e até no semblante de parcela majoritária do nosso povo. Com algumas exceções, os políticos, título com o qual se apresentam e acobertam ladrões, mercenários, charlatões, hipócritas, canalhas e outros paus-mandados do poder econômico enforcam a pobre galinha que diariamente os alimentos com os ovos de ouro em forma de impostos.
Na sessão de ontem, na Câmara, o crime organizado se digladiou prosaicamente defendendo o indefensável. Bandos de todas as matizes numa disputa nojenta pelo poder Público. Eleitos ou paridos pelo mesmo ventre apodrecido trocam acusações e se alternam nos cargos. Brigam e se vingam uns dos outros aos olhos de uma Nação atônita, incrédula, ante tanta zombaria e escárnio.
O contribuinte subserviente, cordeiro e ingênio alimenta-se pela fé na realização do improvável, enquanto assiste a esse infindável cenário de pão e circo a espera de um salvador da pátria.
Mudanças só chegam com educação. E não vejo interesse e nem investimento por parte das elites nesse setor, muito menos mobilização cidadã, cobrando esse direito legítimo, assim como acesso à saúde, à segurança, etc, cujo dinheiro pago aparece em malas, cuecas, etc.
Deus não opera milagres para os que escondem o discernimento ou não o desenvolvem por medo de pecar, se ousarem superar os tais princípios e adquirir conhecimento que os permita formatar opinião própria.
Essa postura absurda explica a cruel realidade absurda, realidade cujo mérito compartimos. Triste, vergonhoso, nojento e inadmissível.”