No debate sobre a reforma política, na sessão plenária desta terça-feira (24/3), o senador Alvaro Dias (PSDB/PR) disse que discutir o financiamento das campanhas eleitorais, sem antes definir a organização partidária, é temerário: “Nós não temos partidos políticos no País. Temos siglas para registro de candidaturas. São organizações precárias, comandadas cartorialmente, com imposições de cima para baixo, inclusive no momento crucial e definitivo da escolha de candidaturas majoritárias à presidência da República e aos governos estaduais. Falar em financiamento público de campanha, com o quadro partidário atual, é abrir portas para a corrupção”.
O senador também voltou a criticar o aumento dos recursos para o Fundo Partidário: “Esse aumento foi um acinte. No momento em que a investigação judiciária atesta a existência de partidos políticos como lavanderia- organizações criminosas lavando dinheiro sujo- triplicar recursos do Fundo Partidário é, sem sombra de dúvidas, afrontar a inteligência da Nação”, destacou.
Para Alvaro Dias, antes da discussão sobre o financiamento de campanha é preciso definir tópicos como: Que partidos teremos? São partidos com identidade programática? E os partidos que se colocam no balcão de negócios na antevéspera do processo eleitoral, iniciando ali o processo de corrupção, vendendo tempo de rádio e televisão a partidos maiores? “É evidente que um dia, quem sabe, o ideal do financiamento público possa ser alcançado. Hoje, a população brasileira não aprova financiamento público de campanha. Nós sabemos que, muitas vezes, a corrupção na Administração Pública do País começa exatamente no processo eleitoral, com o engajamento de empresários que, evidentemente, financiam campanhas com objetivos escusos de obterem vantagens posteriormente. É por isso que se discute financiamento público, para que se evite essa relação de promiscuidade entre empresas, empresários, partidos e candidatos. No entanto, com o quadro partidário, eu não tenho coragem de aprovar o financiamento público de campanha”, enfatizou.
Diante do quadro atual, o senador disse que defende o Projeto de Lei da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que dispõe sobre limites de doações empresariais a partidos políticos. A proposta, que está na Câmara dos Deputados, tem o apoio da transparência internacional, da CNBB e de inúmeras entidades.
Foto: Luiz Wolff