A recessão brasileira em 2015 deixará a América do Sul no vermelho e a América Latina próxima da estagnação. É o que revelam os números da edição de abril do relatório “Panorama da Economia Mundial”, divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira (14). De acordo com o documento, o Brasil registrará um PIB negativo de 1% neste ano, o que será a principal contribuição negativa à expansão latino-americana prevista, de -0,9%, e à contração de 0,2% dos sul-americanos.
No cenário internacional, a América Latina só não será menos dinâmica em 2015 do que o bloco que reúne as ex-repúblicas socialistas soviéticas, que, puxado pela acentuada recessão russa (-3,8%), vai encolher 2,6% este ano. Entre os principais motores globais (países ricos, Brics e emergentes asiáticos), Rússia e Brasil terão os piores desempenhos anuais, prevê o FMI. De acordo com o relatório, este será o quinto ano seguido de desaceleração do crescimento da América Latina (em 2014, o PIB regional cresceu 1,3%, após alta de 2,9% no ano anterior e uma média de 4,2% entre 2009 e 2013).
Para os economistas do Fundo, não há “impulsos aparentes para uma retomada no médio prazo” e a região continuará sendo castigada por dois dos fatores que travam a expansão: baixo preço das commodities agrícolas e metálicas e “reduzido espaço para políticas”, devido à deterioração do quadro fiscal em muitas economias, à perda de vigor dos investimentos e ao aperto das condições financeiras globais.
Ainda segundo a avaliação do FMI, a principal draga do crescimento regional é a América do Sul, que já sofria com o caos econômico da Venezuela (retração de 7% este ano) e a situação difícil da Argentina (-0,2%) e está sendo particularmente castigada pela queda dos preços das commodities. A América Central e o Caribe, beneficiando-se da recuperação dos EUA e da queda dos preços do petróleo, aparecem como área mais dinâmica.
O panorama de curto prazo, acrescenta o FMI, não é animador: “A atividade nos exportadores de commodities da região pode enfraquecer ainda mais diante de choques adversos, notavelmente uma desaceleração mais aguda do investimento na China”. No caso do Brasil, cuja projeção de crescimento foi ceifada em mais de 2 pontos percentuais em relação à de outubro e a previsão engloba estouro da meta de inflação (7% pelo IPCA este ano) e a probabilidade de turbulências financeiras, particularidades internas acentuam os problemas econômicos: