A falta de manutenção em rodovias brasileiras fez disparar, em quase três vezes, o número de buracos que comprometem a segurança nas rodovias pavimentadas do Brasil. Esta é uma das conclusões da pesquisa CNT Rodovias 2015, que realizou um levantamento da situação de mais de 100 mil quilômetros de rodovias. Os técnicos da Confederação encontraram neste ano 230 “grandes buracos” nas rodovias. Em 2011, o mesmo tipo de monitoramento encontrou 79 buracos classificados como pontos críticos das rodovias e assim considerados por terem a largura de um pneu.
Ao site Fato Online, o diretor executivo da CNT, Bruno Batista, explicou que a pesquisa constatou que falta ações de manutenção das rodovias sob gestão pública. Segundo ele, em 2014, o governo investiu R$ 165 mil por quilômetro enquanto as concessionárias de rodovias investiram R$ 422 mil por km. Além de insuficiente, o investimento público nas rodovias é demorado. Um dos exemplos citados pela CNT é uma erosão encontrada na BR-101, na Bahia. A erosão foi encontrada durante o levantamento para a CNT Rodovias 2014 e um ano depois o problema ainda estava lá. Até setembro de 2015, por exemplo, o governo só realizou 43,3% dos investimentos autorizados para ações de adequação, manutenção e construção de rodovias.
Enquanto a CNT constata o péssimo estado das rodovias brasileiras, o governo Dilma, após gerar um rombo histórico nas contas públicas do país, agora afirma que não há mais recursos para fazer melhorias nas estradas. Para resolver os problemas das estradas brasileiras, a CNT afirma que seriam necessários investimentos da ordem de R$ 293 bilhões, sendo que, em 2014, o país investiu apenas R$ 9,05 no setor. Neste ano, menos da metade deste montante foi autorizado, e recentemente, o ministro dos Transportes revelou que o governo não tem mais recursos para tapar buracos nas estradas em 2015.
A falta de dinheiro do governo para a manutenção das estradas gerou comentário do jornalista J.R. Guzzo, em sua coluna na última edição da Veja:
“Não é que o governo deixará de fazer novas rodovias de primeira classe, ou mesmo de segunda ou terceira, como o país necessita com a máxima urgência: está sem dinheiro para fazer o mínimo indispensável. Vai arrecadar até o fim do ano mais de 1,3 trilhão em impostos federais, mas já avisou que não sobrou nada nessa pilha de dinheiro para tapar um único e mísero buraco nos 8,5 milhões de quilômetros quadrados do território nacional. Ficamos assim então: ao longo deste ano de 2015, inteirinho, o Ministério dos Transportes não terá servido para coisa alguma”.