Nesse artigo o economista Hélio Duque mostra os números oficiais que comprovam: “Pleno emprego é falácia”.
Os números que o governo apresenta como indicadores de desemprego, escondem dramática realidade:38,5% da população em idade para trabalhar não tem ocupação e nem procura emprego, não entrando nas estatísticas de desemprego. É um verdadeiro exército de 61 milhões de brasileiros. Leia aqui o artigo: “A massacrante divulgação do pleno emprego na economia brasileira não tem sustentação na realidade. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), respeitável órgão da administração pública, com vocação verdadeiramente republicana, ao adotar recomendações da Organização Internacional do Trabalho, oficializou uma nova metodologia alicerçada em moderno questionário medidor da real situação dos desempregados. Adotará a periodicidade trimestral na divulgação de pesquisas do mercado de trabalho. A elevada informalidade e a continuidade de baixo crescimento econômico se expressarão em números objetivos, traduzindo as várias regiões brasileiras. Nos últimos anos a Pesquisa Mensal de Emprego abrange, unicamente, as seis maiores regiões metropolitanas: São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador, Brasília, Recife e Porto Alegre. No segundo trimestre de 2013, o desemprego teria sido de 5,9%. Na nova metodologia do IBGE, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, com amostras em 3.500 cidades, a taxa de desemprego no Brasil foi de 7,4%, no mesmo período. Agora a operação da taxa de desemprego será trimestral com a pesquisa em todo o território nacional. A abrangência geográfica com visão nacional das diferentes regiões será da maior importância macroeconômica para o desenvolvimento. Ao invés de uma taxa de desemprego localizada em seis metrópoles, trimestralmente os brasileiros conhecerão a realidade do mercado de trabalho e os níveis de emprego e desemprego nas áreas dinâmicas e não dinâmicas que integram a sociedade brasileira. A diferença apontada no número de desempregados, medido pela Pesquisa Nacional de Amostra de Domicilio, comparativamente à Pesquisa Mensal de emprego, não é fato irrelevante. Ao contrário, demonstra que a taxa de desemprego por regiões é expressiva: no Norte, 8,3%; no Nordeste, 10%; no Centro-Oeste, 6%; no Sudeste, 7,2%; e no Sul, 4,3%. Já o emprego com carteira assinada naquelas regiões, de acordo com o IBGE: Norte, 65,3%; Nordeste, 61,5%; Centro-Oeste, 77,4%; Sudeste, 80,8%; e Sul, 84%. Na nova metodologia do órgão, a população economicamente ativa, será designada Força de Trabalho, incluindo quem está empregado e quem procura emprego. A idade mínima foi elevada de 10 para 14 anos, de acordo com a legislação que contempla a designação de aprendiz. Atesta o IBGE que 38,5% da população em idade para trabalhar não tem ocupação e nem procura emprego, não entrando nas estatísticas de desemprego. É um verdadeiro exército de 61 milhões de brasileiros. No segundo trimestre de 2013, aponta que os brasileiros com 14 anos ou mais que não tem, nem procura emprego, apresentam o seguinte perfil: 1) entre 14 e 17 anos, 10,9 milhões; 2) entre 18 e 21 anos, 7 milhões; 3) de 25 a 39 anos, 9 milhões; 4) de 40 a 59 anos, 13,9 milhões; 5) a partir de 60 anos, 20,5 milhões; totalizando 61,3 milhões. Os números expressam a precariedade do mercado de trabalho, demonstrando que, se parcelas mínimas optassem por ingressar na busca de emprego, o número de desempregos seria multiplicativo. Amparados em benefícios sociais e políticas compensatórias de renda, expressiva parcela não integra mercado de trabalho. A rigor, da totalidade dos que não procuram emprego e não trabalham, a educação aparece de maneira chocante: 55,4% não concluíram o ensino fundamental, comprovando que a desqualificação de milhões de brasileiros é garantia de marginalização econômica e, em casos, de elevadíssima informalidade. A nova metodologia que o IBGE passará a adotar radiografará, tecnicamente, o desemprego na economia brasileira. Com realismo e sem espírito propagandístico, tão do gosto dos marqueteiros de plantão- Hélio Duque é doutor em Ciências, área econômica, pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Foi Deputado Federal (1978-1991). É autor de vários livros sobre a economia brasileira.