O jornal Correio Braziliense, em sua edição desta sexta-feira (11), destaca a ideia lançada pelo senador Alvaro Dias, nesta semana, da criação de uma comissão parlamentar de inquérito no Congresso para investigar os gastos bilionários na organização da Copa do Mundo. Alvaro Dias defendeu que a CPI, entretanto, seja instalada apenas em 2015, já que, devido ao calendário eleitoral, o atual parlamento não teria tempo útil para investigar a corrupção na construção de estádios e nas obras de mobilidade realizadas para a competição.

Leia abaixo alguns trechos da matéria do jornal Correio Braziliense:

“A derrota fragorosa da Seleção Brasileira diante da Alemanha na terça-feira ressuscitou o discurso da necessidade de criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar denúncias de corrupção no futebol brasileiro e nas obras da Copa do Mundo.

Presidente da CPI do Futebol que funcionou no Senado no fim da década de 1990, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) acredita que não faltam motivos para a criação da comissão. “Tivemos uma Copa superfaturada, com estádios milionários erguidos com dinheiro público e assentos que custavam três vezes mais do que os comprados para as copas da Alemanha e da África do Sul”, comparou.

O senador tucano, contudo, só discorda do momento para o pedido dessa CPI. “Estamos em plena campanha eleitoral. A CPI da Petrobras, que já está instalada, não consegue ter quórum para funcionar”, reclama. “Esperemos a virada do ano, a posse do novo Congresso, quem sabe de um novo governo, para investigar essa Copa do Mundo. Não creio que esse assunto esteja ultrapassado ou envelhecido até lá”, sugeriu. Ele, entretanto, discorda da tese de que as últimas CPIs sobre futebol não deram resultado. “Na do Senado houve o pedido de indiciamento de sete cartolas e inspirou a criação do Estatuto do Torcedor”, disse Alvaro Dias.

Histórico de suspeitas

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já foi investigada por suspeita de desvio de recursos e ingerência sobre resultados de jogos por parte de uma empresa esportiva. Entre 2000 e 2001, a Câmara instaurou a CPI da Nike; e o Senado, a CPI do Futebol. As investigações apuraram contradições no balancete de dezembro de 1995 — que fechou R$ 2,8 milhões positivos —, empréstimos e patrocínios concedidos pela CBF, que alegava estar em péssima situação financeira no período analisado. Também estiveram em pauta as doações para campanhas políticas, proibidas por lei para pessoas jurídicas sem fins lucrativos, antes da transformação da CBF para entidade com fins lucrativos, em 1998.

À época, o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, declarou que não havia interferência da Nike nem da confederação na escalação ou na programação dos jogos amistosos da Seleção Brasileira. A afirmação era uma resposta às declarações de Wanderley Luxemburgo e de Zagallo. Os ex-técnicos da Seleção disseram que, sob ordens do cartola, houve interferências no trabalho deles. O presidente da comissão era o então deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

O colegiado da Câmara acabou sem relatório final. Já o do Senado, presidido por Alvaro Dias, terminou com a aprovação de sugestões de mudanças na legislação e indiciamentos.