Um triste recorde foi alcançado neste último dia útil do ano de 2015: a mordida do governo federal, e dos governos dos estados e municípios no bolso do povo brasileiro atingiu a marca história de R$ 2 trilhões. Esta já é a maior quantia registrada pelo Impostômetro desde que foi criado há dez anos, com um painel instalado na sede da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), no centro da capital. O montante de R$ 2 trilhões representa o total pago em tributos (impostos, taxas e contribuições) pelos brasileiros à União, aos estados e aos municípios ao longo do ano. Há um ano, no dia 29 de dezembro, o painel registrava, às 17h, sua maior marca até aquele momento: R$ 1,83 trilhão.
Levantamento encomendado pela ACSP ao IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação) mostra que, apesar da crise econômica, o crescimento nominal da arrecadação neste ano será de 2,8% na comparação com 2014. Segundo o estudo, a inflação puxou esse aumento: como o grosso dos impostos incide sobre os preços, a elevação da inflação também acaba por ampliar automaticamente as receitas – e em consequência, os impostos. Além disso, outros fatores colaboraram para esse cenário, como o fim da desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e o aumento da energia elétrica e dos combustíveis – dois dos itens mais tributados e que tiveram altas muito superiores à inflação.
Ainda de acordo com o estudo do IBPT, o consumidor brasileiro paga duplamente: o preço de cada produto adquirido ou serviço prestado e mais os impostos embutidos ao longo de toda a cadeia de produção. Os tributos federais representam apenas 65,95% do total dos R$ 2 trilhões, segundo o IBPT. Há também os impostos estaduais e municipais. Isso explica porque o Impostômetro atingiu um recorde, enquanto apenas a arrecadação da Receita Federal caiu 5,76% de janeiro a novembro.
O Impostômetro, além de registrar o total pago em impostos pelos brasileiros, ainda mostra o que é possível fazer com os R$ 2 trilhões arrecadados. Entre as possibilidades, estão a construção de mais de 57 milhões de casas populares, o fornecimento de medicamentos para a população brasileira por mais de 800 meses, a efetivação das obras de mais de seis milhões de postos de saúde completamente equipados, a construção de mais de 1,6 milhão de quilômetros asfaltados de estradas, entre outras ações.