Em pronunciamento no plenário, nesta segunda-feira (12/9), o senador Alvaro Dias destacou a importância da agricultura para o crescimento do País e a falta de sensibilidade dos governantes para entender o papel estratégico do campo. “Nos últimos 25 anos, a agricultura deu sustentação ao saldo comercial brasileiro, mas isso não significa que o setor está pronto e que as condições estruturais são adequadas para a produção agrícola. Ao contrário, nós devemos enaltecer, parabenizar os agricultores brasileiros, que, apesar das dificuldades e das fragilidades estruturais, plantaram, colheram e produziram um superávit positivo da nossa balança comercial. A agricultura é mais importante do que a importância que tem sido dada a ela pelos governantes brasileiros”, disse.

O senador lembrou viagens recentes que fez às cidades de Gramado (RS) e Santa Tereza(ES), onde debateu os avanços tecnológicos na área rural e também ouviu a preocupação dos agricultores com os destinos da produção nacional: “Vários fatores, localizados fora da propriedade rural e que não dependem da gestão do produtor, têm contribuído para a falta de condições adequadas do ambiente de negócio que confira maior competitividade para a produção brasileira”.

Segundo Alvaro Dias, 70% dos pequenos e médios agricultores ainda não incorporaram em suas atividades as tecnologias já disponíveis. “Precisamos de uma mudança profunda na formulação e execução de uma política agrícola mais eficiente, com uma reforma administrativa que desburocratize a atuação do Estado no momento da autorização e registro de uma atividade econômica. É preciso romper com a cultura cartorial do setor público. O que se diz aqui sempre é que somos imbatíveis como produtores, mas perdemos, e perdemos muito, em razão das condições de exportação dos nossos produtos, não só em razão das barreiras alfandegárias e não alfandegárias impostas pelo egoísmo internacional das grandes Nações, mas também pela burocracia e pelo sistema tributário que esmaga o setor produtivo”.

O senador defendeu o debate dos poderes Executivo e Legislativo sobre a importância de investimentos na área tecnológica. Como exemplo, citou que, no ano de 2000, o Brasil investiu US$16 bilhões em pesquisa e desenvolvimento, e a China, no mesmo período, saiu de US$32 bilhões para US$336 bilhões. Enquanto o Brasil investe 1,2% do seu PIB, a China investe 2,8%, a Coreia do Sul, 4,15% do PIB, e a Alemanha, 2,85%. “Além da tecnologia, imagino ser imprescindível, neste momento, um choque em matéria de marketing, uma pancada de mercadologia para transformar em verdadeira grife a expressão “produzido no Brasil” quando associada aos produtos da agricultura brasileira. Nós temos know-how, temos tecnologia, precisamos de melhor gestão, principalmente gestão pública, para fazer avançar mais rapidamente a ascensão do padrão de renda dos produtores brasileiros, que ainda padecem com a baixa renda”, concluiu.