O senador Alvaro Dias manifestou, na tarde desta segunda-feira (12), sua solidariedade ao jornalista Celso Nascimento, colunista do jornal Gazeta do Povo do Paraná, que foi condenado a nove meses e dez dias de prisão após denunciar o atraso de parecer do Tribunal de Contas do Estado sobre o edital para construção do metrô em Curitiba. O jornalista, que tem mais de 70 anos, teve a pena substituída pelo pagamento de multa de dez salários mínimos, mais a suspensão de seus direitos políticos. Ele foi condenado por calúnia e difamação por apontar possível vínculo do relator do processo, Ivan Bonilha, conselheiro do TCE, com o governador do Paraná, Beto Richa.

Na Tribuna do Senado, Alvaro Dias repudiou o que considera uma violência à liberdade de imprensa. Ele defendeu sua proposta de concurso público para o cargo de conselheiro, em vez de nomeação, e ressaltou que o prejuízo diário com o atraso da obra do metrô, levantado pelo jornalista, é de mais de R$ 500 mil – uma preocupação para a Prefeitura de Curitiba.

“Obviamente não cabe qualquer punição a um jornalista que simplesmente cumpriu o seu dever e procurou resguardar o direito coletivo. A ofensa foi dizer que o conselheiro era pupilo do governador. Obviamente caberia ao senhor Ivan Bonilha também processar este senador, porque reafirmo aqui tratar-se de um serviçal do governador, de alguém que se posiciona a serviço dele e não do estado do Paraná. A termos conselheiros como Ivan Bonilha, seria melhor fechar o Tribunal de Contas do Estado”, afirmou Alvaro Dias.

O senador fez outros questionamentos sobre a condenação do jornalista da Gazeta do Povo. “Por que foi condenado o jornalista? Porque um Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, o Sr. Bonilha, afirmou que o jornalista disse que esse Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná tinha vínculo com o Governador do Estado. O Celso Nascimento foi acusado pelo Bonilha de injúria e difamação porque o chamou de pupilo do Governador do Estado. Mais do que pupilo, ele me parece ser uma figura rastejante, a imagem do áulico, que agrada para obter vantagens”, disse.

Para Alvaro Dias, o referido conselheiro não teria chegado ao Tribunal de Contas do Paraná se houvesse concurso público para preenchimento da vaga, só mesmo por apadrinhamento político. “O concurso premia o talento, a qualificação técnica e profissional. Nesse caso, houve o apadrinhamento político, o favorecimento político, a nomeação como contrapartida à bajulação permanente. É por essa razão que o Senado Federal aprovou, já em 2008, projeto que transforma a nomeação do conselheiro do tribunal de contas em concurso público. O projeto que apresentamos e o Senado aprovou institui o concurso público para preenchimento de cargos de conselheiros dos tribunais de contas dos Estados”, concluiu o senador.