Durante a sessão plenária desta segunda-feira, Alvaro Dias fez aparte a discurso do senador Reguffe, que voltou a criticar o voto em lista fechada, proposto no texto da reforma política em análise no Congresso Nacional. Para Alvaro Dias, não há como se falar em adotar o voto em lista com partidos políticos que existem apenas para registro de candidaturas e venda do tempo de TV. O senador elogiou o discurso de Reguffe e disse, assim como ele, é absolutamente contra essa mudança na legislação eleitoral.

“Senador Reguffe, quero cumprimentá-lo por essa cruzada que vem promovendo há dias na defesa de instituições fundamentais no sistema democrático. Lista fechada sem partidos políticos? Onde estão os partidos políticos no Brasil? O povo brasileiro tem preferência por partidos políticos? Na verdade, o que tem o povo brasileiro atualmente é rejeição aos partidos políticos, alguns dos quais já foram denominados de organizações criminosas, outros de lavanderias de dinheiro sujo. É nesse ambiente que querem implantar a lista fechada? Nós estamos vivendo um momento em que há uma exigência de construção de partidos programáticos, partidos de verdade. Só num sistema onde os partidos políticos são programáticos e já estão acolhidos pela população do País é que se admite discutir lista. No Brasil nós temos siglas, mas não temos partidos. Temos siglas para registro de candidaturas, partidos cartoriais, oligarquias partidárias, partidos com coronéis que não abrem mão do comando em hipótese alguma”, disse Alvaro Dias.

No aparte que fez a Reguffe, o senador Alvaro Dias destacou que muitos dos que comandam os partidos políticos pensam mais em atender a seus interesses do que em servir à sociedade. Para o senador, em vez de se pensar no voto em lista, o Congresso devia adotar a cláusula de barreira, que, na opinião dele, iria valorizar as agremiações partidárias.

“Hoje o que se deveria discutir aqui, certamente, com seriedade, é a questão da cláusula de desempenho, ou cláusula de barreira. Isso sim valorizaria os partidos políticos, valorizaria a criação de partidos políticos, porque nós dependemos de criá-los, já que eles não existem. Por isso, temos que combater, sim, essa iniciativa do voto em lista. Neste momento, querer adotar o voto em lista é uma iniciativa que fica sob suspeição. Fica a impressão de que se trata de um expediente malandro, para assegurar reeleições de lideranças que certamente estão com suas reeleições comprometidas em razão dos últimos escândalos anunciados pela imprensa brasileira. Portanto, nesta hora, é preciso muito cuidado”, concluiu o senador Alvaro Dias.