O presidenciável do Podemos, senador Alvaro Dias, diz que o presidencialismo de coalizão, com a cooptação de partidos, instaurou um modelo político corrupto, que é o cerne de todos os males do País. Agora, segundo ele, só a “refundação” salva a República

Embora se apresente ao eleitor como alternativa de poder à velha política, o senador Alvaro Dias (Podemos-PR) não é um “outsider” ou alguém que possa ser classificado na categoria do “novo”, que o eleitor tanto busca. Na verdade, a estrada do senador na vida pública é longa. Ele exerce cargos eletivos há 49 anos e está no Senado há 24 anos, depois de ter sido deputado estadual, federal e governador do seu Estado, o Paraná (de 1987 a 1991). Dias infla de orgulho por sua caminhada até aqui. Por isso, faz questão de dizer que não deseja ser apresentado como “outsider” e, sim, como um candidato detentor de experiência administrativa e passado limpo. “Não estou na Lava Jato e não tenho um único inquérito em toda minha carreira política”, vangloria-se o senador, aos 73 anos. Com toda sua bagagem política, Dias já passou pelo MDB, PSDB, PDT, PV e agora Podemos, acompanhando de perto as barganhas feitas no Congresso que levaram o Brasil, segundo ele, ao fundo do poço. Para obter maioria, e poder governar, criticou Dias, os presidentes da República sempre instalaram um balcão de negócios para cooptar parlamentares e, assim, criar “um sistema promíscuo e corrupto, que é a matriz dos governos incompetentes”. “O presidente da República, de um modo geral, é o maior corruptor do País”, afirma. Para mudar o quadro, o senador propõe uma mudança radical do País, adotando o que ele chama de “refundação da República”. O pré-candidato do Podemos usou essa expressão onze vezes durante as duas horas de entrevista concedida ao corpo editorial da Três na última segunda-feira 21, pegando emprestado, talvez sem saber, o espírito de uma máxima criada há um século por Monteiro Lobato: “O Brasil é uma nação a fazer ou refazer, já que destruíram os alicerces da primeira tentativa séria”. Em 1918, Lobato, como Alvaro Dias em 2018, tecia pesadas críticas à República recém-proclamada.

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