Em meio ao estrangulamento das contas públicas e do crescente endividamento dos brasileiros junto aos bancos, o senador Alvaro Dias cobrou em discurso, esta sexta-feira (22/03), na tribuna do Senado, a reforma do sistema financeiro. O líder do Podemos no Senado lembrou que, nas últimas duas décadas, o governo recorre a sucessivos aumentos de impostos e da dívida pública.

O resultado disso é que, ao fim do ano passado, a dívida pública do país chegou a R$ 5,937 trilhões, o que corresponde a 86% do Produto interno Bruto (PIB). “Houve, infelizmente, uma desarrumação total nas finanças públicas do Brasil e, hoje, estamos diante do estrangulamento da economia nacional”, constatou Alvaro Dias. Segundo ele, com o crescimento da dívida pública brasileira, as instituições financeiras passaram a ser as grandes privilegiadas no Brasil.

“Nós tivemos o capitalismo financeiro preponderando sobre o capitalismo industrial. Antes mesmo da consolidação do capitalismo industrial, tornou-se protagonista o capitalismo financeiro e, explorando esse mercado da dívida pública, promovemos o enriquecimento de alguns poucos e o empobrecimento da maioria dos brasileiros”, lamentou o parlamentar.

O senador pelo Paraná relata que 62 milhões de brasileiros devem às instituições financeiras. Por outro lado, quatro grandes bancos brasileiros detêm 78% do crédito existente no país e possuem um cliente generoso e especial: o governo. “Eles não dependem da iniciativa privada, não dependem do mercado. Há um governo generoso, que assegura os ganhos reais, os lucros que são estratosféricos, que alcançam um patamar jamais alcançado na nossa história. E nada muda. Sai governo, entra governo, o Banco Central é dirigido por representantes do sistema financeiro”, aponta Alvaro Dias.

O parlamentar explica que, a partir de uma solicitação sua de auditoria, o Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que a legislação vigente não é respeitada em relação à dívida pública. O TCU também verificou a necessidade da complementação dessa legislação, porque dispositivos constitucionais não foram regulamentados, como, por exemplo, o limitador do endividamento público.

“Há na Constituição Federal um dispositivo que obriga o Congresso Nacional a legislar sobre a matéria, e nós ainda não legislamos. Não estabelecemos um limitador para o endividamento público no país”, alertou. Segundo ele, é necessário que o Poder Executivo promova as grandes reformas, inclusive do sistema financeiro, e que encontre uma solução para a dívida pública. “Sem as reformas, o país não avançará para um período de prosperidade, de desenvolvimento, em que pesem as suas extraordinárias potencialidades econômicas”, afirma.

Alvaro Dias assinala ainda que a reforma da Previdência apresentada pelo governo não é suficiente para resolver os problemas do país. “A economia propalada, decantada em prosa e verso, não é aquela economia suficiente: R$ 1 trilhão em dez anos. Se temos, este ano, um déficit nominal de R$ 517 bilhões, significa dizer que, em dois anos, nós liquidaríamos a economia dos dez anos, com a reforma da Previdência, se não tomarmos outras providências igualmente importantes no nosso país”, conclui.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Senador, gosto das suas ideias, por isso votei no Sr. para Presidente.
    Mas, permita lhe sugerir que examine o que o André Lara Resende te escrito no Valor Econômico. Pode ser muito revelante para a sociedade brasileira o que os países avançadas já fazem na área econômica, e com enorme influência sobre o debate que hoje se trava “covardemente” na questão da Previdência.
    Cordialmente,
    Antônio Moreira

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