A ameaça do encerramento das atividades da Usina de Xisto de São Mateus do Sul, feita pela diretoria da Petrobras, levou o senador Alvaro Dias a relembrar, no Plenário, a luta que ele empreendeu, quando governador do Paraná, para a manutenção do empreendimento naquele município. Segundo lembrou o senador, entre os anos de 85 e 89, quando governou o Estado, o projeto do xisto de São Mateus do Sul estava sendo iniciado, e repentinamente, houve a sua suspensão. A Petrobras, contou Alvaro Dias, alegou que a usina era inviável economicamente e, portanto, determinava o seu arquivamento.

“Eu fui à Petrobras, no Rio de Janeiro, e a direção da estatal informou que era uma decisão irreversível. Não me conformei, não capitulei diante da irreversibilidade apontada pela direção da Petrobras à época. Viemos a Brasília e fomos ao Palácio da Alvorada, à noite, conversar com o Presidente José Sarney. Disse a ele que o Paraná não podia abrir mão do projeto e sustentei que a inviabilidade econômica seria revertida certamente com mudanças que ocorreriam no mercado de energia”, destacou o senador.

Segundo relatou Alvaro Dias, após mostrar e insistir com o então presidente José Sarney que o projeto da Usina de Xisto de São Mateus era plenamente viável, o senador recebeu a seguinte resposta: “Não posso negar ao Paraná esse empreendimento”, disse Sarney. O senador, entretanto, temendo recuo do governo federal ou da estatal, pediu que o presidente autorizasse imediatamente ao ministro das Minas e Energia da época, Vicente Fialho, que o acompanhasse ao município paranaense para oficializar e anunciar a decisão. “No dia seguinte, em São Mateus do Sul, em praça pública e diante de uma multidão, o ministro anunciava a retomada do projeto. As faixas com que fomos recebidos estampavam a frase: essa luz não pode se apagar. E a luz realmente não se apagou!”, disse Alvaro Dias.

Após a solenidade, o projeto da usina foi retomado e tornou-se realidade, uma conquista fruto da luta travada pelo Paraná e do atendimento da parte do Presidente da República. Com a decisão, afirma o senador, houve a revitalização da região sul do Paraná, que alavancou o seu processo de industrialização e que continua gerando frutos e benefícios, como o aumento da receita pública dos municípios da região e o desenvolvimento industrial. Houve posteriormente a instalação, na região, de uma primeira grande empresa, a Incepa, e outras, na sequência, tomaram o mesmo caminho de se instalar no Paraná.

“Hoje estamos diante da possibilidade de que essa luz se apague novamente. O fechamento da usina seria uma tragédia para toda região sul do Paraná com reflexos que transcendem as fronteiras estaduais, já que a produção de xisto da Usina de São Mateus do Sul atende os estados de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A extinção da Usina, na esteira dos descaminhos percorridos pela Petrobras, é inaceitável”, concluiu o senador Alvaro Dias.