* Por Alvaro Dias
É oportuno lembrar, no momento em que a Ucrânia é submetida em suas fronteiras a intensa pressão militar da Rússia, que uma das maiores tragédias da humanidade, o Holodomor, está completando 90 anos. Essa tragédia envolveu os dois países.
O Holodomor (Grande Fome) foi a ação criminosa de Josef Stálin contra os camponeses ucranianos, que não se submeteram à coletivização de suas terras. Na primavera de 1932-33, o ditador soviético ordenou o confisco de toda a produção agrícola da Ucrânia e fechou suas fronteiras. O número de mortos é incerto, mas oscila de três milhões a dez milhões.
Os ucranianos lembram anualmente o genocídio, equiparável ao que Hitler aplicou a judeus e ciganos durante a sua repugnante passagem pelo governo alemão.
Participei, em novembro de 2008, como representante do Congresso brasileiro, da solenidade, realizada no Teatro Nacional de Kiev. Os depoimentos dos sobreviventes foram emocionantes. Milhares de pessoas concentravam-se, silenciosas, nas imediações do teatro. Nevava. As velas coloridas que empunhavam criavam uma imagem mística e de profunda tristeza.
Cerca de duas dezenas de países, entre eles Estados Unidos, Portugal e Argentina, reconhecem o Holodomor como genocídio. O Brasil deveria imitá-los.
* Alvaro Dias é Senador da República pelo Paraná